terça-feira, 30 de outubro de 2012

Capitulo III

Em capitulo-3.blogspot.com

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Chega aquele momento da leitura em que fazemos uma pausa.

Repara-se que o número de páginas voou, fica a questão se realmente estavamos a ler, ou apenas os nosso olhos limitaram-se a seguir o ritmo anterior.

E, por conseguinte, fecha-se o Capítulo 2, deixa-se o livro em cima da mesa. Levanto-me, vou até lá fora.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

A minha aldeia

O banco em que estou sentado range a qualquer movimento. A missa já acabou mas agora vai haver procissão.

Da sacristia alguem inclina Cristo crucificado, que está fixo uma grande vara de prata, fina. Ao passar a porta, o pequeno Cristo ergue-se. Ladeiam-no duas lanternas antigas, tambem de prata, mas cujas pequenas portadas de vidro estão sujas pelo tempo. Há um sabor melancólico, triste.

Dirigem-se para o centro da igreja, onde está a estátua de Nosso Senhor de Passos. Já sobre o andor, devidamente enfeitado. Levanto-me do banco, rangeu. Olho então para o inicio da igreja, onde as portas estavam abertas para a procissão se iniciar.

O cenário de fundo eram montanhas em pôr-do-sol. Eram um misto pequeno de tons, entre o verde e o castanho. Esconde bem que ali passa, na suposta aresta que une o sopé das montanhas, um rio. Ninguem saberia. O Douro. Sim, é essa a paisagem. De ouro.

O andor já saiu da igreja, mas deixo-me ficar. Espero que a multidão comece, seguirei no final, sento-me de novo. A média de idades na procissão deverá ser os 50 anos. Que a minha matemática nao me atraiçoe.

Levanto-me, fazendo ranger o banco ainda mais. Sigo a procissão pela aldeia. Dizem que já não é o que era. Acho que sim: a procissão passa, e as janelas abrem-se ao longo das ruas. Pessoas curiosas debruçam-se sobre o parapeito. Olham para a procissão como um espectáculo qualquer que serve para preencher o programa de festas, que embora não saibam, é construida em torno da festividade religiosa.

A procissão avança, entrando cada vez mais para o centro da aldeia. Emigrantes voltam todos os anos para este fim de semana especial, onde parece que por dois dias a aldeia volta a ter tantos habitantes como antigamente. Reparo então, com um sorriso de vida, que agora eu tambem sou emigrante. Não o sinto, mas sou.

Lembro-me de lá em casa, nesta aldeia, em torno da lareira, se actualizar diversas pessoas da aldeia. "Então e o filho de fulano?", "Está para a França", dizia a minha tia. E isso parecia-me imensamente longe. Quase outro planeta. Emigrantes que estão para a França, Espanha, a trabalhar ou a estudar, nunca se sabe bem o quê.

Sou um deles, agora. Terão perguntado por mim, e a minha tia terá dito: "Está para a Holanda, a estudar música". E que estranho que soa. Se tivesse mais um daqueles famosos encontros entre eu e eu-mais-pequeno, tambem ele pensaria que eu tinha mudado de planeta.

Mas não.. Quando volto à minha aldeia, tudo volta à normalidade. Tambem é porto seguro. Será perto do "fim-do-mundo", da quase discivilização. E ainda bem.

E sigo na procissão, braços cruzados, olhar atento a pequenos pormenores que revelam outras pequenas histórias. E lá na frente, em cima do andor, Jesus com a cruz às costas, "Nosso Senhor dos Aflitos". Na minha aldeia, num sitio que aprendi a gostar.


segunda-feira, 9 de julho de 2012

A Praia

Na minha vida assumo dois erros crassos: nunca ter sido escuteiro, sendo este já reconhecido há muito tempo, e não ter voltado aos Açores entre a minha primeira vinda cá em 2008 e agora.

Retornei à Praia do Norte para a Ordenação Sacerdotal do meu amigo Bruno. E tudo num ambiente único, de festa, com o rever de muitas amizades açorianas e não só. Revi também muitos amigos franciscanos, onde o hábito castanho, as sandálias, as guitarras e tudo o mais me trouxeram saudades das catequeses em Carnide.

Mas porquê erro crasso?

Porque os Açores, mais propriamente a Praia da Norte, são a única terra que conheço onde o Sol brilha mesmo quando chove, onde há cor com tudo revestido a verde e azul, e onde a melodia nocturna é feita pelo som inimitável de cagarros.

Não se explica. Agradeço-Te o retorno, o finalmente poder parar do ano todo que foi, sem preocupar com estudar nem nada.

E que regresso! Os olhares de todos os que cumprimentei há 4 anos, lembraram-se. Diziam-me: "Ah rapaz, ja fazia tempo que nao cá vinhas!", mas em especial relembro o Padre João, que me disse: "André, andava a perguntar ao Bruno quando cá vinhas.".

Vim, regressei, por pouco tempo, mas vou voltar. Devia ser paragem obrigatória todos os anos. É merecido, pelo menos sinto isso.

No final do dia de ontem, Domingo, onde se festejou a missa nova do Frei Bruno, regressei a casa da Paula e do João a pé, na companhia da Jessica e da Cristina, duas raparigas da praia do Norte que estavam a acabar o Secundário. Perguntavam-me como era viver na Holanda. A meio da conversa perguntei se já tinham estado em Lisboa. Disseram que não, que nunca tinham estado no Continente. 17 e 16 anos e nunca tinham saído mais longe que a ilha do Pico. Por vezes temos realidades completamente diferentes, mas o que se pode partilhar? Que na verdade o que interessa é trabalhar. Seja aqui, no Japão, na Holanda. Notei-lhes a "fome" de sair, de ir para longe, de conhecer mais. Partilhei-lhes a minha história como exemplo de que "basta quase só querer". A conversa terminou perto da uma da manhã, envolvendo Deus, Jesus e as experiências cristãs.

São pequenas partilhas que me fazem crer que esta aldeia é única, na sua localidade, nas suas pessoas, nos seus sorrisos.

"É tempo de ir bater latas", dizem-me. Levanto-me, com um sorriso, daqueles curiosos para saber o que ainda há por descobrir nesta terra.

E, se não bastasse tanta vivência, faço-o na melhor companhia possivel. De manha à noite.

Na Praia que me dá o Norte.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Intervalo de 8ª


Fazia 8 anos que não nos viamos, assim, em espirito de turma, mesmo que daí nada sobre. Não sei o que gosto mais: se perceber que já passou tanto tempo, ou se apesar de ter passado tanto tempo há coisas que não mudam.

Os sorrisos sofreram um desvio de 8 anos, mas foram os mesmos que passearam por França, por Santiago de Compostela, que entraram em guerra com a Professora de EV, que se diz terem todos chorado no último dia de aulas do 9º ano, que jogavam matrecos a todos os intervalos. Os mesmos que descobriram o uso do Messenger, que assistiu a todos terem telemovel, enfim... Aquele tipico conceito de turma, que durou e durou, naqueles anos em que tudo parecia não ter fim, esses mesmos que tiveram a duração de todos os outros. Contando com Secundário e Faculdade, esta foi sem dúvida A Turma.

E como se percebe que não passou tempo? Depois de 8 anos, amanha joga-se à bola e "o André vai à baliza". Vai-se de carro e tem-se barba, sim, mas são pormenores. Discute-se mestrados, licenciaturas, empregos, emigração, visitas à Holanda, tudo no mesmo tom descontraido de sempre.

Simples, ao meu estilo.

domingo, 24 de junho de 2012

Passos


Ainda era "ontem" que tocava pela primeira vez na Sé de Lisboa, com o Instituto Gregoriano de Lisboa.

Anos volvidos, e hoje foi o primeiro concerto a solo no Mosteiro dos Jéronimos, rodeado de familia e amigos.

A história continua.

(Obrigado pela imagem, Rafael!)

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Quase


Scheveningen, foi ainda hoje de manhã. Não a igreja da fotografia. Essa está lá no Norte da Holanda, onde tudo se cobre com pinceladas rápidas de verde. Alguem despejou baldes de tinta que por lá encheram o horizonte. No Norte da Holanda, onde as aldeias não são mais que poucas casas, modernas, ligadas por estradas que se perdem ao longe. Parece que se vê o infinito.

Mas hoje não foi o Norte da Holanda. Foi Scheveningen, a praia de Haia. O céu estava o mais azul possivel, e finalmente a praia estava indicada para se visitar. O casaco nao dava para tirar, o frio ainda estava presente, mas valeu a pena.

Foi um ano longo, demasiado longo. Sinto saudades de Portugal, desse país onde tudo está mal, mas que a meu ver, tudo está bem. Nem que seja por agora, essa ilusão. Do Norte de Portugal, rochoso, montanhoso, realmente perdido, e do Sul, da verdadeira praia e do verdadeiro sol.

Tempo de voltar para casa.