sábado, 17 de dezembro de 2011

Irracionalidades



Sonho de vida.

Tão inexplicavel como o amor ao Sporting.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Mais histórias

O comboio já não solavanca. Parece que voa em cima dos carris.

É segunda de manha, dia 5 de Dezembro, e estou a ir (às 7:10 AM) para o meu primeiro dia de trabalho: Holiday Inn Express Amsterdam Sloterdijk Station.

Cruzo e descruzo as mãos, é sinal de nervosismo. O meu holandês ainda treme mas lembro a tarde de ontem, Domingo, que passei com o Jos. Ainda não contei a festa que foi o nosso reencontro, de semanas passadas, um abraço de grandes amigos e um suspiro da parte dele ao dizer: "O meu bom vizinho André!".

Sei como me vou apresentar, e pouco mais. Mas estou decidido a tentar. Mais uma vez, a tentar. Há 2 anos atrás (que na minha escala cronológica começa a parecer pouco), eu estaria sentado no Metro de Lisboa, a ir para o IST. Curso de Matemática. Sabia que também queria tentar o mundo da música, mas parecia-me dificil.

Mas cá estou eu, no comboio, perguntando-me porque raio tenho que fazer estas experiências. Porque não tentar um part time mais "fácil", como limpar escadas ou algo do género? Sei que nao seria eu, no meu modo persistente de me puxar, de me desafiar, de perceber o que posso dar.

Lá está o hotel. Está colado à estação, e é rodeado de prédios ocupados por empresas. Estamos no centro de négocios. Veremos.

....

Aperto o casaco ao sair da estação. Já é final de dia (6:00 PM) e volto para casa. A rua estaria escura, não fosse as luzes persistentes que, como eu, procuram apenas fazer o seu trabalho.

Volto com um sorriso na cara de quem foi muito surpreendido pela positiva. Volto com um obrigado ao Jos pelo apoio, pelas dicas. Foi alguém que fez da vida algo que agora, de certa maneira, também faço: servir.

Neste particular, sigo-lhe as pegadas, simples. Mas não esqueço as equações de Lorentz, as de Maxwell, nem do teste do qui-quadrado. Não me esqueço de Bach e de Buxtehude. Não me esqueço do caminho que faço, nem de quem sou.

Apenas preencho agora mais uma página, mais uma história: estou a trabalhar para o Holiday Inn Express - Amsterdam Sloterdijk Station.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Outono

Lembro-me, durante a primária no Externato, da composição que vinha sempre algures durante Outubro, Novembro: "O Outono."

Falava das árvores vazias, das folhas que caiam e mudavam de cor. Do cheiro das castanhas que se senti nas ruas, e no vento que aparecia com mais força.

Passado tantos anos, resolvi fazer nova composição. Comparei-a com aquela feita pelo André, que olhava sempre pela janela da sala do Externato, buscando ideias. Comparei-a ainda com o Outono do André mais velho, esse que tambem olhava pela janela da sala da Escola, algures no 8º ano, perguntando como seria não estar a ter aulas e estar noutro lugar, nada parecido com aquele.

Percorro agora a rua que me leva até casa. Os meus pés enterram-se num caminho tapetado por folhas castanhas, que caem aleatoriamente. Algumas cedo demais, onde surge a cor verde, destoando da cor amarela-triste. Algumas crianças correm e saltam a pés juntos para pequenos montes de folhas, fazendo um efeito engraçado.

O vento aparece, mas esteve lá sempre. O frio aperta mais, as mãos ficam nos bolsos e a cabeça vai ligeiramente inclinada para a frente. Das castanhas pouco se vê, relembrando na cabeça a saudade do país donde pertenço.

Caminho por Haia com saudades de Lisboa. Sorrio ao pensar que cada um do André mais novo adorará estar aqui, e viverá cada aventura com este mesmo sorriso. Mas a minha composição de Outono, passado tanto tempo, parece-me igual. Muda apenas o vocabulário, próprio do tempo, mas a ideia continua a mesma.

Lembro-me, quando era mais novo, que Outono significava que o Natal aproximava-se. Faltava muito, mas ao mesmo tempo era "logo depois".

E ainda é.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Teorias

O telemóvel tocou.

No visor pisca o nome do Doutor, advogado que foi maestro do coro do Campo Grande, o qual acompanhei ao longo de ano e meio.

Lembrou-me, em meio segundo, o episódio de há 2 anos e pouco: tinha acabado de sair do Gregoriano, final de tarde, quando o telemóvel tocou. Ligava-me o Doutor. Comunicava-me o falecimento da mulher, dizendo que a missa seria dali a 10 minutos, perguntando-me se eu estaria disposto para ir ajudar a cantar.

Passou o tempo. O ano passado ligou-me. Era já tarde aqui na Holanda, e estava a dar o Sporting. Estranhei o telefonema. Pensei que talvez me fosse chamar para voltar a tocar na Missa do Campo Grande.

Mas não. "Lembrei-me de si, e vinha saber como estava o meu amigo". Notei-lhe o mesmo tom de tristeza na voz. Perguntou-me como estava a minha vida, mas depressa percebi que alem disso, era tambem tempo de refugio da solidão em que estava.

Passou o tempo. Agora o telemovel toca outra vez. "Lembrei-de si aqui no autocarro, e resolvi ligar-lhe." Noto a mesma melancolia, mas tambem resignação. Combina-se um almoço para quando eu voltar.

Gostei do gesto. Afinal, quantas vezes ligo para alguem quando me lembro dessa pessoa? Nenhuma.

Mas, e se o fizesse?

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Simples

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Lição

Haia, 21 de Setembro de 2011.

Estou sentado diante da Ana. Estamos a discutir como vamos remodelar a casa, saber o que precisamos de comprar no IKEA. E é mais um lição de vida. Quando nada fazia prever que ficasse nesta casa, eis que fico, e com mais ideias de todos para desta vez, neste ano, levarmos tudo de maneira diferente. A Margarida saiu de casa, e para o seu lugar entrou João, o namorado da Ana. Este jovem casal ensina-me todos os dias. Na simplicidade, mas no anseio do tempo de quem esteve um ano separado pela distância, revelam um sentido de responsabilidade mutuo, comum, partilhado, de quem sabe que é uma aventura algo perigosa.

Após o meu regresso a Haia, escrever aqui é o meu primeiro momento de balanço de Verão. E, claro, só posso agradecer. A Ti, pela Licenciatura. Pela batalha que parecia surreal e impossível, pelo ritmo de trabalho Matemático que surgiu depois de largar tudo de Órgão. É isto que gosto quando sei que acredito em Ti. Não se precisa de explicar como nem porquê, mas saber que o resultado final é só um. Agradeço-Te também pelo Mestrado do irmão. Nunca o referi aqui antes, mas talvez por isso é este o momento que se deve registar.

Obrigado aos Gregorianos, por Santo André e Olhos d'Água, pelas Caldas da Rainhas, e por tantos outros encontros que fizeram este Verão completamente cheio. Gosto de pensar que, também como grupo, construímos algo para o futuro. Sei que não importa o que estaremos a fazer... sei que cada um estará a dar o seu melhor. Isso é uma ideia certa, segura, e da qual nos (eu pessoalmente) podemos orgulhar.

Agradeço-te a ti. Pelo desafio. Por saber que isso é crescer, é ter responsabilidades, é pensar que toda esta aventura surgiu apenas de uma música para piano. Simples, ao nosso jeito. Vamos caminhando, de mãos dadas, com calma, e isso é agora também um ponto de inspiração.

Reencontro a rotina de estudar, mas desta vez num espaço que me é mais acolhedor. Obrigado, a ti, irmão Francisco, a quem procuro seguir as pisadas cada dia, seja no trabalho ou no contacto com o irmão que me está ao lado.

Haia é o construir de uma vida.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Nostalgia ou saudade..

.. não sei.

Mas agora que regresso, parece até que o tempo não passou. Está tudo na mesma. Os hábitos? Iguais.

As promoções no supermercado, as caras do costume no Conservatório, as pedras que estão soltas no passeio, os horários de estudo, um número infindável de pequenos pormenores que constroem a rotina  . Em apenas um dia, parece que fui apenas a Portugal de fim de semana e já voltei.

Mas voltei diferente. Trouxe mais calma. E nos últimos 3 meses, a vida mudou.

Desta vez, ao desligar a luz do quarto, não sentirei o vazio que o escuro da rua me transmite. Ao final do dia, não será feito apenas um balanço individual.

O escuro tem Luz. E a Luz já não tem escuro.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Anima tua sit donum



Obrigado, Amigo e Irmão.

Amigo da Música, do Gregoriano. Mesmo já não estando no IGL este ano, sinto que serás sempre o nosso Presidente.

É fantástico todo o trabalho que fizeste, principalmente em organização. Muitos de nós já tínhamos saído, mas pensar que pudeste ficar mais um ano a "segurar o barco" foi motivador!

Irmão da Fé. Se tivesse que pegar nalguma parábola, a tua casa está definitivamente construída sobre a rocha. E eu observo-a, para aprender. O teu modo de vida simples, na tua calma, é-me exemplo de vida.

Lembro-me quando me vendaram os olhos, no meu dia de anos, e fomos no carro do Tiago em direcção ao desconhecido, pensava eu. Lembro-me de ter "olhado" para ti e ter dito: "Se estás aqui, então sei que nada de mal nos acontecerá".

És porto seguro. E no teu silêncio, sei que reflectes e escutas. Procuro ser assim (mas ainda estou longe, sei!), mas quanto mais tento, mais vejo que não é assim tão fácil.

Esta semana que passou foi apenas mais uma etapa do nosso grupo, da nossa amizade. Faço repeat sem parar ao "Tedet animam mea", cuja letra não é alegre, mas que oiço todos com energia.

Ao entrar em tua casa, apercebi-me da dávida que tu és para todos nós. Na música e na vida. Trabalhar ao teu lado é uma honra e um prazer.

Obrigado, por tudo!

sexta-feira, 19 de agosto de 2011


O que se faz quando se quer escrever, mas as palavras não saem?

Pede-se ao silêncio que fale. E ao meu ouvido vai ditando, acompanhado pelo som nocturno do grilo, histórias do passado. Deixa-me perguntas. Requer respostas, e aí as palavras surgem.

O que se faz quando se quer ter ideias, mas elas não brotam?

Pede-se ao tempo que passe. Espero que percorra o seu caminho. Mas não vou controlando o tempo que leva o tempo a passar. E quando já nos cruzámos, foi invisivel. Deixou-me aos pés o seu pergaminho, completo de ideias.

O que se faz quando o mundo parecia completo, mas sabia que faltava algo?

Abraça-se a Luz que me aquece. E as palavras saem, as ideias brotam e a vida, simples, passa a ter novo sentido. O sentido da Luz.

sábado, 6 de agosto de 2011

Desafios


Tenho medo dos Teus desafios.

Talvez por ter que sair da minha zona de conforto. Talvez.

Mas sabes o que sinto desta vez?

Calma. Muita calma.

E um sorriso: Especial.

Santo André

Passou por nós, o pastor.

Vindo daquele silêncio lá longe, que se prende com a lagoa.

Sentou-se e nada disse. Não precisava de dizer, apenas estar.

Passou e foi-se embora.

Á noite o silêncio confunde-se com o som da cigarra. Aguda. Grave soa a minha a voz, na conversa com quem quero falar.

Sabe bem jantar em ambiente calmo. A palavra 'amigo' toma outra dimensão.

Passa-se o sal, estende-se o pão, entrega-se o frasco dos oregãos, pergunta-se quem quer mais, ou menos, que a fome tem destas coisas.

Durante o dia, vive-se. Lê-se. Pinta-se. Muda-se o cd, porque esse já o ouvimos hoje. Joga-se. E se no entanto nada disto tivesse acontecido, opções não faltariam.

Ao longe, o pôr-do-sol. Momento de contemplação. De agradecimento.

Passámos por Santo André, mas ficámos. Ficámos com um sorriso estampado no rosto de quem sabe que são momentos simples, mas inesquecíveis!

segunda-feira, 25 de julho de 2011

"Se alguma vez quiseres estar acompanhado, aprende primeiro a estar sozinho."

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Calasparra

Estou neste momento em Espanha, num albergue perto de Calasparra, a vila que organiza um festival de música antiga, e que este ano conta com a participação da Capella do Conservatório de Haia, onde vou tocar e cantar.

Depois de um dia passado a viajar (a espera pelo comboio de Madrid até aqui foi de 4 horas), sabe bem encontrar um sítio tão distinto de Olhos de Água. Ao meu redor só vejo montanhas, pequenas aldeias. Parece que estamos perto do Norte Transmontanto.

Os ensaios começam hoje, em clima de férias e trabalho. Sem dúvida, uma forma diferente de passar o Verão!

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Viagens



Leiria. Évora. Olhos de Água. Santo André.

Viajar por Portugal está-se a tornar cada vez mais um prazer!

Relembro as palavras de Mr Van Aken. A vontade que tinha de viajar.

Talvez agora faça as viagens com outro olhar. Com o dele. Para depois contar, partilhar, por postal. Será, que por momentos, trocamos de idades?

Uma história de vida que vai dar filme.

sábado, 9 de julho de 2011

Ainda antes de escrever estas palavras, eu sabia quando as ia escrever.

Acabei a Licenciatura em Matemática.

E fé resume-se a isto: no acreditar da loucura de, estando noutro país e sem poder ir às aulas (nem mesmo a aulas de dúvidas), conseguir voltar e acabar o curso.

No mês de Junho apenas escrevi um post, que é fotocópia de cada dia: estudar. Pareceu-me impossivel acabar o curso, em certas alturas, mas aconteceu. Houve momentos que acima de tudo estava a fé.

Foram 4 anos. Cada um original, diferente. O primeiro foi a descoberta, o único que realmente senti que estive no Técnico a "full-time". A partir do segundo ano, o Técnico passou sou a ser feito nas horas vagas. É pena. Mas era consequência directa do futuro, uma necessidade de mais tempo para a música.

Lembro-me da primeira noite em Haia, quando cheguei em Agosto do 2010. Lembro-me do vazio que senti, de deitar as mãos à cabeça e perguntar: "Mas o que é que eu estou a fazer? Como é que vou acabar o curso?". E logo a seguir disse-me a mim mesmo: "Calma. Tudo a seu tempo".

E foi. E ainda bem que foi assim: mais que pôr no currículo, foi uma prova de fé que eu precisava de ter na minha memória. Sim, consigo fazer destas loucuras. Sim, é possível.

Á semelhança de uma boa audição ou de um bom concerto, a sensação de missão cumprida existe, mas não perdura para sempre. Surgem novos planos para o futuro. Se por agora não me quero meter em Mestrado em Matemática, por outro lado parece-me natural faze-lo.

Uma coisa é certa: o que fizer, desta vez quero fazer bem feito.

No final destes 4 anos, apenas um enorme agradecimento ao Reis, ao Borralho, à Verónica e à Marta. Provavelmente não vão ver estas palavras, mas enorme parte do meu "sucesso" deveu-se a eles.

Vira-se mais uma página.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Versiculo 12

Olá.

Já faz algum tempo que não te escrevo. Desculpa a mudança de fundo, mas regressei do estrangeiro. Voltei a casa.

Voltei aos exames no Técnico. Parecem sina, mas não. Apenas foram sempre falta de estudo. Há coisas que nao consigo mesmo fazer, truques de malabarismo que estão para lá das minhas capacidades.

Desta vez é diferente. Nao é uma questão de tempo, mas de organização. Comecei em Março. Ainda me lembro dos 3 dias diferentes: de quando me sentei para ler a primeira página do livro de Lógica, quando comecei a re-resolver o primeiro exercicio de Eletromagnetismo, quando li o 1º paragrafo de Análise. 

Não fui às aulas, mas tentei faze-las para mim. Mereço recompensa? Nao é isso que interessa. Ajudou-me a crescer.

Há uma frase num filme da Disney (Rei Leao), onde se ouve uma voz do céu que diz: "Lembra-te de quem és."

Esta semana gastei tempo a pensar nisso. Lembrar de quem sou. Lembrar daquilo que sou ou nao sou capaz de fazer. Desculpa a falta de fé naquilo que sei que é uma capacidade minha. 

Tenho receio de estar sempre a escrever: "desta vez é diferente". Mas é. Para trás ficaram já 27 cadeiras (neste momento, acredito em 28). A porta é ali. Nunca me viste a começar a fazer o curso, mas acredito na força que me tens dado.

O que mais me custa é nunca A teres conhecido. A quem? Nao sei, estará para vir. Mas sinto pena. Imagino a tua alegria sentado à mesa connosco. Essa alegria de quem construiu uma vida, e vê o futuro, o nosso, como fruto dessa vida.

Se for avô, um dia, tambem quero ter essa alegria. E será ainda maior: lembrar-me-ei da tua, e uma arvore geneológica que se expande.

Devaneios.

A noite já vai longa. Hoje vou dormir aí.

E espero, a meio da noite, que passes junto e me tapes com os cobertores descaidos. O conforto será, entao, a memória de sempre que tive. 

Até lá.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Por entre equações...

Matemática. Agora só tenho olhos para Matemática.

O exame final de orgao ja foi, e os poucos que faltam não "incomodam".

Ao contrário do que foi o ano inteiro, agora debruço-me sobre os livros de Electromagnetismo. Começo a achar piada a vários factores "nerds", e realmente tudo começa a ser diferente.

Decidi ler o livro "Logic and Computation", para a cadeira de Lógica Matemática. Lembro-me como odiava aquilo: agora escrevo comentários no livro, entre os quais "Genial!", "excelente demonstração", "Cuidado André, eles aqui estao a referir-se ao Teorema anterior, mas nao o dizem"...

Abri os exames do ano passado de Análise Real. Começo a sorrir quando vejo perguntas que agora ja fazem sentido. Agora faz sentido porque é que o conjunto de Volterra só pode ser Jordan-Mensuravel quando e = 0.

Trata-se de respirar Matemática. Vou-me deixar levar nesta onda de numeros, letras, teoremas e equaçoes.

A Música não se importará: estou-lhe a fazer um favor!

sexta-feira, 6 de maio de 2011

modo menor

Final de dia, mais uma história.

Ás 10:30 da manha cheguei à Westerkerk, igreja onde iria fazer um recital, às 13. Abriu-me as portas um funcionário, simpático, que me indicou que Jaap-Jan, um colega meu que me iria ajudar no recital, já se encontrava no órgao.

Depois de ter tocado, voltámos para dentro dos escritórios da igreja, onde o mesmo funcionário que me abrira a porta convidava-nos para um café. Embora visivelmente ocupado, teve tempo para me perguntar "Como estava Portugal", pois sabia que a crise financeira afectava profudamente o nosso país. Jaap-Jan escutava atentamente, e gostei da simpatia do senhor.

Ás 12:00, quando faltava apenas uma hora para o concerto, e depois de termos ido ao supermercado comprar comida, eu e o Jaap voltámos para a igreja, onde resolvemos ir ver alguns livros que estavam à venda, acerca do órgão.

Passado alguns momentos, oiço passos de corrida. Dentro da igreja. Reparo, entao, que se pedia "Call an ambulance". E ali, 5 metros atrás de nós, alguem estava estendido no chão. Meio estupefactos com a situaçao, e sem podermos ver-lhe a cara, vimos uma funcionária da igreja a trazer almofadas, e logo instantaneamente a dizer: "Oh my god, oh my god..!!".

Dois passos para o lado foram suficientes para perceber: o senhor que estava estendido no chão era o mesmo senhor que me tinha aberto a porta, de manha, e que me tinha oferecido o café. 

Era o mesmo senhor que há menos de uma hora atrás estava a sorrir para mim e a fazer-me sentir preparado para o concerto. 

O tempo passava. 12:30. Chegou a ambulância. Vi-o sair, de maca, tronco nu envolto em fios, respiração por mascara e ainda inconsciente. 

Passado 5 minutos, uma outra funcionária da igreja apareceu-me e perguntou: "Are you able to play?"

Sim.

E se este concerto ja tinha uma dedicatória ao meu Tio F, nao pude deixar de pensar tambem em toda a historia que me acontecera. 

quinta-feira, 5 de maio de 2011

História de final de dia

Não sei como começar a contar esta pequena história. 

Hoje de manha estava a voltar para casa, vindo do Conservatório, quando achei que devia passar peça capela da igreja católica a que costumo ir. Amanhã é dia de recital, e queria pedir ao JC inspiração.

Puxei a porta de madeira, e entrei na capela. Mais pequena do que eu imaginara. Tinha outra porta, que dava directamente para a igreja. Esta porta nao era mais do que um gradeamento ornamentado, como se de um convento se tratasse. Assim podia-se ver directamente o sacrário da igreja. A capela não tinha, creio. 

Sobre uma pequena estante de leitura, estava um livro aberto e uma caneta. Olhei de relance, pensei que se tratasse de um simples livro de visitas. Reparei, então, que era um livro cheio de orações escritas pelas várias pessoas que por ali passavam. 

O que mais me despertou foi a primeira oração que li.... porque era em português. Senti um calor especial. Sentei-me num banco e resolvi procurar por mais português. Queria perceber se haviam mais ou não. 

Descobri mais 3 oraçoes portuguesas. A primeira repetia-se diversas vezes ao longo do livro. Percebi que seria alguem que costumava ir à capela, e escrevia sempre a mesma oraçao. Três páginas.

A segunda oração fez-me sentir estranho. A caligrafia era igualzinha à da minha avó. O traço antes do "m" que sublinhava a letra fez-me ficar petrificado a olhar para o livro.

A terceira oração que descobri, fez-me parar. Não era uma oração, era uma súplica. Conseguia sentir a aflição da pessoa nas palavras, nas letras. Poderia reproduzir aqui parte, mas nao vale a pena. Quando a acabei de ler, fechei o livro. Gostava que a pessoa estivesse ao meu lado. 

Abri de novo o livro, para tambem eu escrever uma oração, onde basicamente pedia por todas as oraçoes daquele livro. Parece estranho. Mas senti que tinha que ser assim.

Deixei-me ficar naquele silêncio, onde me apetecia ajudar todos aqueles que tambem ali entraram a pedir ajuda. 

Foi entao que entrou uma senhora. Ajoelhou-se por pouco tempo. Levantou-se, quis acender velas. Nao encontrava os fósfóros. Apontei-lhe, subtilmente, e ela agradeceu sorrindo. 

Havia qualquer coisa que eu estranha na senhora. Percebi que ela parecia portuguesa. Mas, no meio desta história toda, achei que era demasiada coincidencia. No entanto, tanto a estatura como as feiçoes faziam-me quase por as maos no fogo em como seria portuguesa. Deveria ter por volta de 60 anos. 

Ao dirigir-se para saída, senti-me impelido a perguntar. Percebi que podia ser ridículo, mas a vontade vinha de dentro. 

"English?", perguntei. Ela sorriu e com os dedos fez de sinal de "muito pouco."

Entao disparei logo: "Portuguese?", ao que ela respondeu: "Sim".

E com um "Eu tambem", começámos a falar. Enganei-me na aposta. Nao era portuguesa. Era brasileira:

"Chamo-me Teresa, mas todo o mundo me chama de VóTeresa, pois tenho 9 netos!". 

A conversa continou, com as necessárias introduções. Desenvolveu com convites. Trocámos e-mails. Ficámos de voltar a falar.

Despediu-se de mim, dando-me uma bençao, no seu sotaque brasileiro. 

Mal saiu, voltei a sentar-me no banco, meio incrédulo por estas histórias que vao acontecendo e abrindo novos capitulos. Parecia que o JC estava a piscar o olho e a fazer sinal de Ok. 

Saí com mais fé. "Amanhã tenho recital", esqueci-me disso. Bom, Ele lá estará!

domingo, 1 de maio de 2011

Páscoa

Chego a casa vindo de Haarlem. O telemovel diz-me que são 13h. É o meu almoço de Páscoa, quero fazer algo especial.

A rapidez com que entro em casa, com roupa preta, camisa e calças, é a rapidez de saída, com calçoes e t-shirt. Pego na bicicleta em direcção ao AlbertHeijn, o supermercado de todos os holandeses.

Está fechado. Paro 1 minuto para pensar como fazer: voltar para casa e almoçar sandes, ou inventar outra solução.

Decidido. A temperatura acima de 20 graus fez-me ir até à praia, de bicicleta. 

Quando desvio para a enorme estrada que me levaria até a Scheveningen, percebi que acabara de entrar num autêntico filme americano. Tinha ligado o mp3, com Beach Boys a fazerem a banda sonora. Passavam, entao, descapotáveis, onde ele, com os seus óculos escuros, conduzia, e ela aproveita para "deixar os cabelos ao vento". Por mim passavam tambem muita gente de mota ou bicicleta, preparados para entrar na praia e ir directos ao mar.

Soube-me bem. Uma aragem quente, confortável. Sentira pena de não poder ir a Portugal para a Páscoa, mas soube-me a recompensa.

Cheguei à praia. Parecia Agosto. Ou melhor, parecia Agosto e em Cascais, onde nas alturas de grande afluência, encontrar um espaço livre é dificil. 

Fui almoçar ao BurguerKing. Terminado o almoço, passei na estrutura de ponte, que caracteriza Scheveningen.


Percebi-me, então, de como o ano tinha passado a correr. Lembro-me de quando cheguei, com 3 malas, e me questionava a injustaça de sair de Portugal com calor, e entrar numa Holanda onde ja precisava do kispo. 

Hum.. Afinal o ano não tinha passado a correr. Mas acredito que quando nos empenhamos nalguma coisa, com afinco, o tempo passa mais depressa. Trabalho não faltou. E mesmo agora tambem não falta.

Volto no final de Maio para Portugal, e talvez como há muito tempo nao sentia: não desejo férias. Quero estudar, e concluir o que há para concluir. Férias terei, mais cedo ou mais tarde, mas não quero que isso apresse, pressione ou influencie o meu modo de conduzir as coisas.

2010/2011 deu-me organização e disciplina. Para o ano está marcado mais rigor e mais trabalho ainda.

Volto. O calor de Scheveningen está a desaparecer. 

O télemovel diz-me que são 14:30. Acabaram as férias, vou estudar.

3 anos, 3 viagens






quinta-feira, 28 de abril de 2011

Um desporto radical

sábado, 16 de abril de 2011

Itália '11

Folheio umas páginas do Capitulo I, e lembro-me de 

Escócia '09

Holanda '10


Nao sei se estamos a começar uma tradiçao, mas gostava de pensar que sim. Apesar de este ano sermos menos, a aventura continua. E é interessante pensar que parto de Haia directamente para Milão.

Espera-me uma semana de mais descobertas, lugares que nunca tive. Volto para os exames finais, e para arrumar a mochila de regresso a Portugal.

Tem sido um bom ano!

terça-feira, 5 de abril de 2011

Scheveningen



Sábado, 21 graus em Haia. Não restavam dúvidas, o final de tarde seria na praia. O momento ideal para poder estar sozinho e finalmente espairecer a cabeça.

Já é Abril, e o tempo corre. Além do espaço, este ano tem sido radical tambem pelas convivências de quem não gosto.

As diferenças culturais têm que ser urgentemente entendidas. E a partilha das conclusões a que cheguei não são ouvidas nem postas em práticas. E então parece que oiço o professor Rogério, na 4ª classe: "Por um, pagam todos."

É como na praia: não há nenhum limite para até onde devemos evitar sentar, para não incomodar a outra pessoa. Quem vai à praia, distribui-se aleatoriamente, mas mesmo assim as pessoas sabem, à partida, guardar sempre distância de quem rodeia, seja por privacidade ou respeito.

Aqui é a mesma coisa: a quem nos rodeia no dia-a-dia, devemos sempre saber a "distância" que devemos ter, essencialemente por respeito. No entanto, essa noçao de distância pode variar de pessoa para pessoa, e varia de certo de cultura para cultura.

Procuro observar, aprender e partilhar. 

Os primeiros dois verbos, consigo. O último, não será decerto aqui.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Crónicas

Pousa o copo de cerveja.

Lança um olhar rápido à televisão. Sobre as pernas tem um pequeno livro. Vejo que continua a nao descuirar a leitura. Sorrio a pensar nisso.

A mesa está coberta de imensos chocolates, papeis e cinzeiro.

Pergunta-me, então: "André, quando tiveres uma segunda casa fora de Portugal, como eu sei que vais ter, onde irá ser?"

Sorrio ao ouvir a segurança da afirmação.

Respondo-lhe que não sei. Talvez Escócia.

Entramos numa acesa conversa sobre vários países da Europa. Discutimos mais em detalhe onde realmente valeria a pena ter uma segunda casa.

E nessa casa, que já existe ainda antes de eu a ver, vejo um projecto. O dele e o meu. Passagem de testemunho.

Não sinto que tenha faltado nada na vida de Mr. van Aken. Fez, de tudo, um pouco. Oiço-lhe atentamente as palavras. Sábias, de quem já muito viveu.

Nunca me ouviu tocar, nem mesmo viu algum teste meu de Matemática. Mas sinto, dele, uma fé em mim.

Ele, que trabalhou entre a Realeza, descansa agora todos os dias. Para mim, ouvir as suas histórias é uma marca de vida. 

É mesmo aqui ao lado.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Vou-me deitar, cansado. Amanha é acordar cedo, o estudo de Matemática e Órgão continua.

Mas hoje vou dormir ao Vilar. 

Dou importância à familia porque é a base do que nós somos. É a nossa história mesmo quando não existiamos. E para mim é importante conhecer essa história.

Nunca achei almoços de Domingo, no Vilar, aborrecidos. Pelo contrário. Se nao levasse livros para ler ou estudar, era garantida uma tarde a "comer" filmes na televisao. Era ir para o quarto-lá-de-cima, onde parecia já um mundo à parte, sem ninguem para nos aborrecer.

Ouvir histórias do passado é compreender o futuro. Porquê? Só assim percebemos que há mais responsablidade em nós: fazer ainda melhor. Se na história de cada familia os mais novos quisessem "fazer ainda melhor", seria de louvar. 

Hoje fico no Vilar, sem ligar a tempo. Ate deixo os telemoveis aqui em Haia. 

Entro e oiço o relógio de corda, naquele tic-tac que faz o acompanhamento da casa. Subo o degrau, vou para a sala. Entro, lanço um olhar de reencontro e saio. Estou mesmo cansado, vou para o quarto.

Subo as escadas, que estremecem com o meu peso. A cada degrau lembro as várias temporadas naquela casa: alguns Natais, férias de Verão, tardes de Domingo, ou simplesmente outros momentos sem catalogação.

Aqui tambem estou em casa.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Mudança


Fotografia por Florin Zamfir (Den Haag Beach Sunset)

Mudei a secretária.

Virei-a para a enorme janela que cobre uma das minhas paredes. E enquanto estudo, se levanto a cabeço vejo uma paisagem magnifica: um descampado de relva com vivendas pequenas à volta. Um pequeno ribeiro com uma ponte. 

Vejo pessoas a andar de bicicleta e a correr.  Outros aproveitam o sol, deitados na relva. Ao longe vêem-se comboios a passar. 

Volto a cabeça para os livros. Sim, para os livros. O estudo de Matemática exige-se bem feito. Sinto a obrigação moral de faze-lo bem feito. Talvez por isso me levante manha cedo para sentar-me à mesa.

A saudade de estudar Matemática dá um empurrão aos exercicios mais dificeis. Sinto-me mais organizado no meu estudo.

Em órgão, tudo decorre normalmente. Agora, pela necessidade de estudar Matemática, tenho que fazer mais em menos tempo. Mas isso ajuda: a concentração é maior.

O final do dia é cada vez mais reconfortante. Coincide com o por-do-sol. E Haia começa a ganhar, finalmente, mais côr. 

sábado, 5 de março de 2011

Portugal

Basta entrar no metro de Lisboa para perceber que estou na minha terra.

Ao primeiro banco ja se vê um idoso, de cabeça baixa e olhar melancólico. Sina, talvez, mas quando caminho pelas ruas lisboetas este olhar repete-se vezes sem conta. Um olhar resignado de quem parece acreditar que nao teve sorte com a vida.

Parece bastante foleira ou filosófica a descrição que acabei de fazer, mas é uma realidade. Sempre que viajo na Holanda nunca me deparo com um cenário igual. É talvez a nossa mentalidade e a inércia em mudar. Estamos mal, por natureza. 

Ninguem se espante quando digo que me sinto bem no meio de tanto olhar preocupado. Porque já nao será essa geração que fará a diferença, mas sim a minha e as que me precedem. Enquanto ia para Torres Vedras, falava com o Tiago acerca da necessidade de estudar lá fora.. mas voltar. Voltar para mudar.

Sempre que vou ao estrangeiro solidifico a ideia de que há imensa qualidade em muito trabalho Portugues. Mas no estrangeiro (e agora em particular na Holanda), essa qualidade é vista como natural e tem tendencia a espalhar-se mais rapidamente. Nós gostamos dos "poços raros", dos acontecimentos noticiosos televisivos de quem "ganhou uma bolsa lá fora". Parece raro, talvez seja, mas se nada for feito para mudar...

É por isso que gosto de saber, pelo menos dentro do meu nucleo de amigos, que há imensa gente com vontade de ir aprender e voltar. Talvez assim se possa mudar.

Foi com este pensamento meio em desenvolvimento que ontem percorri, com a Débora e o Tiago, a estradas que envolvem Torres Vedras. O escuro da noite permitia ver uma paisagem que deixa saudades e nostalgia mesmo antes de partir. Paisagens tao caracteristicas de um país que é meu e que nao nego.

E é no silêncio reconfortante da minha casa de sempre que digo: segunda feira vou trabalhar. Volto em Maio.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Plágio

O post da Ana (Um Pastel de Nata e um Ucal) apenas veio concluir estes 3 dias que passaram, no qual outra Ana (Lúcia) me veio visitar, aqui a Haia.

Incrivel como após 7 anos sem o minimo contacto (deverei enfatizar os "7 anos" ou "minimo contacto"?), o que perdurou de 3 anos é imenso.

Eu e a Ana fomos colegas do 7º ao 9º, na Quinta de Marrocos. Apenas 3 anos: o mesmo tempo que gastei na D.Pedro V ou no Instituto Superior Técnico (ainda estando inscrito, parece-me que este ano não entra para as "contas"). 

Foram 3 anos que pareceram uma década. Em que cada dia era uma nova aventura, um desenrolar sucessivo das novelas que se criavam na turma e na escola. Um episódio que nao tinha fim. Dias em que a frase do final do DragonBall Z ("Nao percam o proximo episódio, porque nós tambem não!") fazia sentido. 

Lembro-me de estar curioso para saber como era "estar fora dali". A Quinta de Marrocos era o nosso mundo, numa altura em que o ódio ao IGL era profundo e, incrivelmente, fundamentado. 

Foram 3 anos. Na memória ainda me ficam bastantes episódios. Hábitos. Frases. As "continas" que já nos conheciam. 

Lembro-me da primeira vez que se falou numa hipotese de fazer uma viagem a França. Estava no 7º ano. "Ganda tanga", lembro-me de ter pensado. Eu, que nessa altura nunca tinha ido alem Portugal, olhava para essa ideia como a mais utópica que sempre me apresentaram. 

Lembro-me da eterna paixao pela loira da turma, somente quebrada por uma francesa. Radicalismos que me pareciam fazer sentido. 

Lembro-me da minha primeira negativa. A História, ironia das ironias. Da Matemática já ser um "passeio" limpo. De nao perceber nada de Frances no 7º ano, mas acabar o 9º ano com 5. 

Lembro-me de como era importante fazer boa figura a jogar futebol, e de como ficava contente quando me escolhiam para guarda-redes (a mim ou o Bernardo). Das aulas de Educaçao Fisica. 

Lembro-me de esperar sempre o inesperado por parte do Diogo. Ou qualquer troca de ideias entre o Bruno e o Vasco. Dos jogos de matrecos com o Zé. 

Lembro-me de todo o intercâmbio com a turma francesa de Troyes, e de ainda achar que foi uma sorte ter tido o projecto. Lembro-me da estar na sala dos computadores, e ter instalado o Kazaa no computador da ponta, longe do olhar das profs, e de sacar musica (com o Bruno). 

A nostalgia pairou no ar, nestes ultimos dias.

Entao, nada como fazer uma viagem ao passado. Simples.

Ali estou eu, uns anos mais novo, no quarto da antiga casa. Noite. Abril. Estores levantados, o quarto apenas iluminado pela luz da rua. A um canto está o André do 9º ano, sentado. Aproximo-me e sento-me ao lado dele.

"Achas que vou voltar a ve-la?", pergunta-me. Ele sabe que eu sei a resposta, eu sei que nao lhe posso dar. Mas acho piada àquela preocupação, tao natural da altura. O mais impressionante era o que viria acontecer até ao final do ano. Lembro-me de ter acabado o ano com praticamente tudo 5, mesmo sob aquele efeito verdadeiramente amargo.

"Só depende de ti." , disse-lhe, mentido. Nunca dependeria só dele, e ainda bem. "Que tal vai o Gregoriano?"

Sorriu ironicamente. Na altura, os meus pais nao me queriam deixar sair do Gregoriano. Hoje percebo a importância. A viagem acaba por ali, chegou para reviver.

E é entao que me apercebo:

O grande objectivo para este ano nao pode ser a música, mas sim acabar o IST. 

Porque lembro-me que nunca deixei nada por fazer.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Reflectir

O cartaz é relativo a um concerto que vou participar no Domingo, numa peça a 7 órgãos.

O primeiro ensaio foi segunda feira e senti a dádiva de poder fazer este projecto. Pelas pessoas que tocam, pelo espaço que é, pela experiencia que adiciona.

Senti, segunda-feira, uma "lavagem cerebral" positiva. Juntando a festa de inauguraçao da casa da Maria e do Isaac, que tinha sido na noite anterior, senti que respirei "ar puro".

É muito mau entrar-se numa má rotina. Talvez nao seja a rotina que é má, mas o ambiente que a envolve. Estava pesado, incomodo. 

Mas naquela noite de Domingo / manha de segunda feira, muito se desvanesceu. Agora é tempo de tambem começar a estudar para o IST. Relembra-me de responsabilidades que sao mais do que "pegar na calculadora e já está", como já pude ouvir. 

Resta-me, nas viagens para Amesterdao, reflectir se o bom senso das pessoas deverá ser uma definiçao universal ou nao. Sobre isso, Haia poderia ajudar-me a escrever tese de mestrado.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

"Oh Jerusalem celestis!"

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

One lesson, one trip


Hoje tenho aula em Haarlem. E mais nao é preciso dizer!

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Assim seja

"Comece por fazer o que é necessário, depois faça o que é possível e em breve estará a fazer o que é impossível." - S. Francisco de Assis

E nao haverá melhor tema para deixar 2010 e entrar em 2011. Nao restem duvidas que sou fã daquele senhor.