tag:blogger.com,1999:blog-49114067215305244962024-03-05T22:14:05.035-08:00Capitulo IIUnknownnoreply@blogger.comBlogger69125tag:blogger.com,1999:blog-4911406721530524496.post-53386837867006308212012-10-30T10:07:00.001-07:002012-10-30T10:07:20.077-07:00Capitulo IIIEm capitulo-3.blogspot.comUnknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4911406721530524496.post-78164708638720309442012-10-18T08:05:00.000-07:002012-10-18T08:05:57.041-07:00Chega aquele momento da leitura em que fazemos uma pausa.<br />
<br />
Repara-se que o número de páginas voou, fica a questão se realmente estavamos a ler, ou apenas os nosso olhos limitaram-se a seguir o ritmo anterior.<br />
<br />
E, por conseguinte, fecha-se o Capítulo 2, deixa-se o livro em cima da mesa. Levanto-me, vou até lá fora.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4911406721530524496.post-68571603942281298152012-09-27T02:12:00.002-07:002012-09-27T02:12:45.200-07:00A minha aldeiaO banco em que estou sentado range a qualquer movimento. A missa já acabou mas agora vai haver procissão.<br />
<br />
Da sacristia alguem inclina Cristo crucificado, que está fixo uma grande vara de prata, fina. Ao passar a porta, o pequeno Cristo ergue-se. Ladeiam-no duas lanternas antigas, tambem de prata, mas cujas pequenas portadas de vidro estão sujas pelo tempo. Há um sabor melancólico, triste.<br />
<br />
Dirigem-se para o centro da igreja, onde está a estátua de Nosso Senhor de Passos. Já sobre o andor, devidamente enfeitado. Levanto-me do banco, rangeu. Olho então para o inicio da igreja, onde as portas estavam abertas para a procissão se iniciar.<br />
<br />
O cenário de fundo eram montanhas em pôr-do-sol. Eram um misto pequeno de tons, entre o verde e o castanho. Esconde bem que ali passa, na suposta aresta que une o sopé das montanhas, um rio. Ninguem saberia. O Douro. Sim, é essa a paisagem. De ouro.<br />
<br />
O andor já saiu da igreja, mas deixo-me ficar. Espero que a multidão comece, seguirei no final, sento-me de novo. A média de idades na procissão deverá ser os 50 anos. Que a minha matemática nao me atraiçoe.<br /><br />Levanto-me, fazendo ranger o banco ainda mais. Sigo a procissão pela aldeia. Dizem que já não é o que era. Acho que sim: a procissão passa, e as janelas abrem-se ao longo das ruas. Pessoas curiosas debruçam-se sobre o parapeito. Olham para a procissão como um espectáculo qualquer que serve para preencher o programa de festas, que embora não saibam, é construida em torno da festividade religiosa.<br />
<br />A procissão avança, entrando cada vez mais para o centro da aldeia. Emigrantes voltam todos os anos para este fim de semana especial, onde parece que por dois dias a aldeia volta a ter tantos habitantes como antigamente. Reparo então, com um sorriso de vida, que agora eu tambem sou emigrante. Não o sinto, mas sou.<br /><br />Lembro-me de lá em casa, nesta aldeia, em torno da lareira, se actualizar diversas pessoas da aldeia. "Então e o filho de fulano?", "Está para a França", dizia a minha tia. E isso parecia-me imensamente longe. Quase outro planeta. Emigrantes que estão para a França, Espanha, a trabalhar ou a estudar, nunca se sabe bem o quê.<br /><br />Sou um deles, agora. Terão perguntado por mim, e a minha tia terá dito: "Está para a Holanda, a estudar música". E que estranho que soa. Se tivesse mais um daqueles famosos encontros entre eu e eu-mais-pequeno, tambem ele pensaria que eu tinha mudado de planeta.<br /><br />Mas não.. Quando volto à minha aldeia, tudo volta à normalidade. Tambem é porto seguro. Será perto do "fim-do-mundo", da quase discivilização. E ainda bem.<br /><br />E sigo na procissão, braços cruzados, olhar atento a pequenos pormenores que revelam outras pequenas histórias. E lá na frente, em cima do andor, Jesus com a cruz às costas, "Nosso Senhor dos Aflitos". Na minha aldeia, num sitio que aprendi a gostar.<br />
<br />
<br />Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4911406721530524496.post-61634369608118117722012-07-09T18:13:00.002-07:002012-07-14T15:51:55.912-07:00A Praia<div style="text-align: justify;">
Na minha vida assumo dois erros crassos: nunca ter sido escuteiro, sendo este já reconhecido há muito tempo, e não ter voltado aos Açores entre a minha primeira vinda cá em 2008 e agora.</div>
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<br /></div>
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Retornei à Praia do Norte para a Ordenação Sacerdotal do meu amigo Bruno. E tudo num ambiente único, de festa, com o rever de muitas amizades açorianas e não só. Revi também muitos amigos franciscanos, onde o hábito castanho, as sandálias, as guitarras e tudo o mais me trouxeram saudades das catequeses em Carnide.</div>
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<br /></div>
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Mas porquê erro crasso?</div>
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<br /></div>
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Porque os Açores, mais propriamente a Praia da Norte, são a única terra que conheço onde o Sol brilha mesmo quando chove, onde há cor com tudo revestido a verde e azul, e onde a melodia nocturna é feita pelo som inimitável de cagarros. </div>
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<br /></div>
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Não se explica. Agradeço-Te o retorno, o finalmente poder parar do ano todo que foi, sem preocupar com estudar nem nada. </div>
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<br /></div>
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E que regresso! Os olhares de todos os que cumprimentei há 4 anos, lembraram-se. Diziam-me: "Ah rapaz, ja fazia tempo que nao cá vinhas!", mas em especial relembro o Padre João, que me disse: "André, andava a perguntar ao Bruno quando cá vinhas.".</div>
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<br /></div>
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Vim, regressei, por pouco tempo, mas vou voltar. Devia ser paragem obrigatória todos os anos. É merecido, pelo menos sinto isso. </div>
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<br /></div>
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No final do dia de ontem, Domingo, onde se festejou a missa nova do Frei Bruno, regressei a casa da Paula e do João a pé, na companhia da Jessica e da Cristina, duas raparigas da praia do Norte que estavam a acabar o Secundário. Perguntavam-me como era viver na Holanda. A meio da conversa perguntei se já tinham estado em Lisboa. Disseram que não, que nunca tinham estado no Continente. 17 e 16 anos e nunca tinham saído mais longe que a ilha do Pico. Por vezes temos realidades completamente diferentes, mas o que se pode partilhar? Que na verdade o que interessa é trabalhar. Seja aqui, no Japão, na Holanda. Notei-lhes a "fome" de sair, de ir para longe, de conhecer mais. Partilhei-lhes a minha história como exemplo de que "basta quase só querer". A conversa terminou perto da uma da manhã, envolvendo Deus, Jesus e as experiências cristãs. </div>
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<br /></div>
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São pequenas partilhas que me fazem crer que esta aldeia é única, na sua localidade, nas suas pessoas, nos seus sorrisos.</div>
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<br /></div>
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"É tempo de ir bater latas", dizem-me. Levanto-me, com um sorriso, daqueles curiosos para saber o que ainda há por descobrir nesta terra. </div>
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<br /></div>
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E, se não bastasse tanta vivência, faço-o na melhor companhia possivel. De manha à noite.</div>
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<br /></div>
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Na Praia que me dá o Norte.</div>Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4911406721530524496.post-85400665573892607832012-07-04T18:33:00.000-07:002012-07-04T18:33:27.061-07:00Intervalo de 8ª<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://fbcdn-sphotos-a.akamaihd.net/hphotos-ak-ash3/548414_3326800660119_1720034521_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="https://fbcdn-sphotos-a.akamaihd.net/hphotos-ak-ash3/548414_3326800660119_1720034521_n.jpg" width="400" /></a></div>
<br />
Fazia 8 anos que não nos viamos, assim, em espirito de turma, mesmo que daí nada sobre. Não sei o que gosto mais: se perceber que já passou tanto tempo, ou se apesar de ter passado tanto tempo há coisas que não mudam.<br />
<br />
Os sorrisos sofreram um desvio de 8 anos, mas foram os mesmos que passearam por França, por Santiago de Compostela, que entraram em guerra com a Professora de EV, que se diz terem todos chorado no último dia de aulas do 9º ano, que jogavam matrecos a todos os intervalos. Os mesmos que descobriram o uso do Messenger, que assistiu a todos terem telemovel, enfim... Aquele tipico conceito de turma, que durou e durou, naqueles anos em que tudo parecia não ter fim, esses mesmos que tiveram a duração de todos os outros. Contando com Secundário e Faculdade, esta foi sem dúvida A Turma.<br />
<br />
E como se percebe que não passou tempo? Depois de 8 anos, amanha joga-se à bola e "o André vai à baliza". Vai-se de carro e tem-se barba, sim, mas são pormenores. Discute-se mestrados, licenciaturas, empregos, emigração, visitas à Holanda, tudo no mesmo tom descontraido de sempre.<br />
<br />
Simples, ao meu estilo.<br />
<br />Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4911406721530524496.post-21308517189187908482012-06-24T16:38:00.000-07:002012-06-24T16:38:02.054-07:00Passos<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhtwfuTYZmquWlDV-Ec3wWs6wxtGp37ruhsUI73J6pvamxiKkrqbDKMuqHVKS13GcgZdPPUYpHXSNuW2bN-ybcaLCjVVzb_fCb9akyIM-zfFUdYLgp68dYWa7L2uScQkUPSYETAzxF0Y3Pa/s1600/Jeronimos.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhtwfuTYZmquWlDV-Ec3wWs6wxtGp37ruhsUI73J6pvamxiKkrqbDKMuqHVKS13GcgZdPPUYpHXSNuW2bN-ybcaLCjVVzb_fCb9akyIM-zfFUdYLgp68dYWa7L2uScQkUPSYETAzxF0Y3Pa/s400/Jeronimos.jpg" width="175" /></a></div>
<br />
Ainda era "ontem" que tocava pela primeira vez na Sé de Lisboa, com o Instituto Gregoriano de Lisboa.<br /><br />Anos volvidos, e hoje foi o primeiro concerto a solo no Mosteiro dos Jéronimos, rodeado de familia e amigos.<br /><br />A história continua.<br /><br /><span style="font-size: xx-small;"><i>(Obrigado pela imagem, Rafael!)</i></span>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4911406721530524496.post-7227377091950709872012-06-14T05:58:00.000-07:002012-06-14T05:58:38.604-07:00Quase<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdRh3g16Fz3imJRSSO8pt27c7Ek3IUYpfmWw9cHFDAtizEj6PVniTGlXtmEd4hmIo3jHteILsIwPGitqsuLYRzMXwOnVOrdxnnvw-7xNeT_BOTJl7rbXtHlbvVQmiZg8Wv9XwojbZKiGF9/s1600/groningen2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdRh3g16Fz3imJRSSO8pt27c7Ek3IUYpfmWw9cHFDAtizEj6PVniTGlXtmEd4hmIo3jHteILsIwPGitqsuLYRzMXwOnVOrdxnnvw-7xNeT_BOTJl7rbXtHlbvVQmiZg8Wv9XwojbZKiGF9/s320/groningen2.jpg" width="292" /></a></div>
<br />
Scheveningen, foi ainda hoje de manhã. Não a igreja da fotografia. Essa está lá no Norte da Holanda, onde tudo se cobre com pinceladas rápidas de verde. Alguem despejou baldes de tinta que por lá encheram o horizonte. No Norte da Holanda, onde as aldeias não são mais que poucas casas, modernas, ligadas por estradas que se perdem ao longe. Parece que se vê o infinito.<br />
<br />Mas hoje não foi o Norte da Holanda. Foi Scheveningen, a praia de Haia. O céu estava o mais azul possivel, e finalmente a praia estava indicada para se visitar. O casaco nao dava para tirar, o frio ainda estava presente, mas valeu a pena.<br /><br />Foi um ano longo, demasiado longo. Sinto saudades de Portugal, desse país onde tudo está mal, mas que a meu ver, tudo está bem. Nem que seja por agora, essa ilusão. Do Norte de Portugal, rochoso, montanhoso, realmente perdido, e do Sul, da verdadeira praia e do verdadeiro sol.<br /><br />Tempo de voltar para casa.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4911406721530524496.post-27095642434892872642012-06-07T23:40:00.001-07:002012-06-07T23:40:24.696-07:00Westerkerk - Amsterdam<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/1c/Westerkerk_orgel_1010309.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/1c/Westerkerk_orgel_1010309.jpg" width="323" /></a></div>
<br />
Faz 2 anos que fiz a prova de entrada para o Conservatório Real de Haia.<br /><br />Hoje volto a dar aqui um recital.<br /><br />É tempo de voltar a escrever algumas páginas.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4911406721530524496.post-27465868393711296712012-05-04T08:45:00.003-07:002012-05-04T08:45:36.717-07:00VizinhançaO prédio onde vivo é uma história viva. Não se veem jovens, mas isso nao indica que esteja morto ou abandonado. Cada vizinho traz uma peculiar história que se cruza com a minha, das maneiras que mais me surpreendem.<br /><br />Ao longo dos quase 2 anos que estou aqui a morar, foram frequentes problemas com a canalização, causando ao vizinho de baixo inúmeras infiltrações.<br /><br />Tambem já por uma vez ele tinha vindo bater à porta, queixando-se do barulho do violino. "Tem aguentado o piano como um héroi", penso.<br /><br />Ou seja, cada vez que o vi, as probablidades de ter boas noticias eram escassas. E hoje, mal me sentei ao piano para estudar, entre acordes e notas, passado 5 minutos alguem batia à porta. Não precisei de apostar: era o vizinho de baixo.<br /><br />Outra vez uma inflitração, outra vez problemas com o tecto, enfim..<br /><br />Ainda há pouco tempo tinhamos resolvido um, e expliquei-lhe tudo como se tinha passado: os locais onde os tubos estavam estragados, o que fui substituido, tudo num resumo rápido e eficaz, de maneira a fazer ver que, desta vez, duvidasse que fosse daqui de cima.<br /><br />Deixou-me o numero de telefone do canalizador, para vir aqui inspecionar.<br /><br />Á saída, e por boa educação, perguntei-lhe como se estava a dar com o som do piano (após 5 meses de uso quase intensivo). Disse que estava tudo bem, embora percebesse que quando nós estavamos a estudar, se tornasse ainda mais aborrecido.<br /><br />Explicava ele que: "eu estudo em casa, e a minha mulher tambem trabalha em casa, de maneira que estamos muito tempo aqui", respondeu, quando lhe perguntei se havia preferência de horas para nos tocarmos.<br /><br />E continuou, dizendo: "Sou professor de Matemática, e por isso.."<br />
<br />
Interrompi-lhe com um grande sorriso e um "Oh really?"<br /><br />A conversa desenvolveu-se terminou com um "Temos que falar mais acerca disto!" da parte dele.<br /><br />Aperto de mão, e foi-se embora.<br /><br />Mais um ponto para a vizinhança!Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4911406721530524496.post-31026753251304492882012-04-08T09:19:00.000-07:002012-04-08T09:26:44.335-07:00Gran Torino<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.ibreak4bacon.com/wp-content/uploads/2011/01/fist-bump.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="212" src="http://www.ibreak4bacon.com/wp-content/uploads/2011/01/fist-bump.jpg" style="cursor: move;" width="320" /></a></div>
<br />Segue-se, na fila, um casal americano.<br />
<br />
"<b>I'm checkin´ in. Ziegler"</b><br />
<b><br /></b><br />
O sotaque parece saido de qualquer série televisiva. Ela é baixa, cheia. Ele não é muito mais alto, traz um boné na cabeça e uma camisola antiga de uma equipa de baseball. Terão por volta dos seus 50 anos.<br />
<br />
Carrego no botão para os Checkins. São 09:00 da manhã, caramba. Se já houver quartos disponiveis é uma sorte. É sábado, ontem trabalhei 9 horas, acabei à meia noite, directo para o quarto 635 para dormir. 5 horas de sono em cama de rei, e acordei cheio de energia. Não sei de onde veio, mas sinto que o trabalho até parece ainda mais fácil.<br />
<br />
Clico na reserva. Enquanto vejo algumas indicações acerca da mesma, meto conversa:<br />
<b><br />"How was your flight?", </b>pergunto, com um sorriso.<br />
<b><br /></b><br />
Desenvolve-se a conversa, própria de duas culturas faladoras. Acerca do tempo, de Amesterdão, coisas muitas em poucos segundos.<br />
<br />
<b>"Mr Ziegler, I need to see if we have rooms available right now. Yesterday we had full house, so probably the house keeping team is still cleaning rooms".</b><br />
<br />
<b>"Oh, I understand. No problem!"</b><br />
<br />
Pego no telefone, ligo para Sabitri, a coordenadora da equipa de limpezas. Um simples telefonema. "Yes?", diz-me ela. "Sabitri, it's André, reception. Do you got something for me? Please tell me you do!", pergunto-lhe, numa voz sorridente que alivie pressão. "Let me see", diz-me, no seu sotaque meio indiano, "yes, I do. Room number (...)". Anoto no bloco de notas, não sem antes agradecer: "Thank you so much, Sabitri. That's exactly why I like to work with you! Please, give your team a big Good morning for me!", digo, entre gargalhadas minhas e dela. Do outro lado houve-se um sorriso de quem tambem gosta de ouvir elogios pela manha.<br />
<br />
Mudo no sistema o quarto pretendido. E na reserva de Mr Ziegler atribuo o novo quarto. Transmito-lhe a novidade.<br />
<br />
<b>"Wonderful! Thank you very much, André! By the way, I have several questions about trains and transportation. Is it possible to come back later, so you can help me?"</b><br />
<b><br /></b><br />
E porque não? Claro que sim! Como ainda disse a uma hóspede ontem, em jeito de brincadeira: "O meu trabalho é ajudar-lhe, e nada mais."<br />
<br />
Ele agradece, profundamente. Noto-lhe sinceridade. Não é só boa educação, e isso faz a diferença.<br />
<br />
Faço a chave do quarto, dou-lhe, e forneço as indicações do costume. No final, acrescento:<br />
<br />
"<b>You arrived so early today, please feel free to go to our breakfast area and have a good and strong Continental Breakfast", </b>sugiro, terminando num tom de quem desafia o desportista. Sabia que a minha chefe não se iria importar (palavras da própria).<br />
<br />
A reacção é de completa surpresa.<br />
<br />
"<b>My God, how can you do it? Such sympathy, and we are in the morning!! In America, we do like this:"</b><br />
<b><br /></b><br />
Extende-me a mão, fecha o punho. Faço o mesmo, "chocamos" os punhos, ao jeito MTV americano.<br />
<br />
Rio-me: Assim é tudo mais fácil.<br />
<br />
<b>"You know, Mr Ziegler, Imagine me standing here for 8 hours with a bad face. It simply wouldn't work!"</b><br />
<b><br /></b><br />
Mas, Mr Ziegler, agora que ninguem nos ouve, deixe que lhe diga, nao é só isto. Não são só as oito horas de trabalho. Gosto de pensar que é uma maneira de ser. Se fosse gerente de um hotel, após este tempo, o único lema que daria à minha equipa seria: "Trata cada hóspede como se fosse o único que temos". Não deites a mão à cabeça, caro amigo que lês isto, a pensar "que foleirada!". Eu acredito mesmo que isto faz a diferença. Na noite anterior apareceu-me uma rapariga, que segundo ela, "preparara sozinha a viagem dos amigos". Uma confusão na reserva mais as politicas do hotel pareciam quase impossivel satisfazer os requisitos que ela pretendia. Começou a ficar nervosa, mas não perdeu a calma. "Só preciso que me ajude, por favor". Sorri-lhe, e então sim, disse: "O meu trabalho é ajudar, nada mais. Acredite, não estou aqui para ver televisão." Suspirou com calma. Entre telefonemas para a gerência, ideias para contornar o problema, e 10 minutos depois o problema estava resolvido. "Se nao estivesse aqui tantas pessoas na recepção, eu acho que lhe dava um beijo", disse-me, baixo, no seu sotaque inglês. Foi-se embora com um sorriso. Aquele mesmo que eu tinha.<br />
<br />
Quando um hóspede aparece à recepção, parece que tenho a imagem do Padre Filipe na cabeça. Quem o conhecia, sabia bem o sorriso acolhedor com que ele recebia as pessoas. Trata-se da maneira de reagir, o conforto em que pomos as pessoas. Não vou ser recepcionista a minha vida toda, espero, portanto vejo este trabalho como uma experiência. Nem sempre tudo corre bem, e isto tambem é necessário saber-se que acontece. Mas o segredo para se transmitir um sorriso é ter-se um tambem.<br />
<br />
Entretanto, o casal Ziegler desaparece, escondendo-se na area do pequeno almoço. Mais hóspedes na recepção fazem-me prever uma manhã agitada.<br />
<br />
O tempo passa, a recepção finalmente fica livre. Digo ao meu colega que vou à cozinha comer alguma coisa.<br />
<br />
Passo pela area do pequeno almoço. Está apinhada de gente, como nunca vi. E no meu caminho para a cozinha, deparo-me novamente com Mr Ziegler.<br />
<br />
<b>"André, one more thing."</b>, diz-me, no seu sotaque americano. <b>"I've brought a laptop with me. Do you guys have Wifi?"</b><br />
<b><br /></b><br />
<b>"Yes, we do, Mr Ziegler. It's free. If you need help to connect it, please bring your laptop to the reception, and I help you with it."</b><br />
<b><br /></b><br />
Outra vez, ele inclina a cabeça ligeiramente para trás.<br />
<br />
<b>"Really, how can you do it? How can you do it?", </b>diz-me, entre um sorriso. <b>"I'll meet you after my breakfast"</b><br />
<b><br /></b><br />
Há aqueles hóspedes que, por histórias, frases ou caras, nunca esquecemos. Mr Ziegler é um deles.<br />
<br />
Entro na cozinha. Hector está a preparar alguma coisa, Don idem, Omar está a limpar os pratos, e Alicja a tirar o pão do forno. Outra vez, na simples forma, sorri-se. Pergunta-se que tal está a correr o dia. Se a minha manhã está ocupada, a deles está ainda mais. Mas pela primeira vez, estranhemente, sinto o espirito de equipa. Que eu nao seja o único, espero.<br />
<br />
Volto para a recepção. Mr Ziegler volta passados largos minutos.<br />
<br />
"<b>It seems that I can't connect to the Wifi",</b> diz-me, enquanto me o pc em cima da recepção. Olho para os caracteres no teclado. Vejo letras estranhas que preenchem o teclado, para alem das "normais", e tenho um flash back.<br />
<br />
Já vi estes caracteres algures.<br />
<br />
Já comprendo porque é que não conseguia perceber nada do que o casal Ziegler falava entre si.<br />
<br />
...Sachsenhausen...<br />
<br />
Mr Ziegler distrai-se um bocado, fala com a mulher enquanto rapidamente procuro resolver o problema, que em si não é nada de mais. Em 3 passos, o computador já está a ligado à net. Peço a Mr Ziegler para confirmar.<br />
<br />
"<b>Let me see", </b>diz-me. Faz uma suspensão. Abre a internet, e lá parece o site pretendido. Faz o seu sorriso de satisfação.<br />
<br />
"<b>Amazing! Here, please, take this. It's not much, but..."</b><br />
<b><br /></b><br />
Do seu bolso tira 5 dólares. Para ele poder não ser muito, mas acho que ainda fiquei uns segundos a segurar a nota, deixando escapar em voz alta: "<b>My first dollars!"</b><br />
<br />
Obrigado, Mr. Ziegler. Creio que não se deve ter apercebido, mas ajudou-me muito mais que eu a si. Deu-me mais uma história de vida, que aqui escrevo. Deu-me energia para o resto da manhã, e deu-me a certeza de que, não sendo perfeito para a função a desempenhar, pelo menos vai funcionando.<br />
<br />
5 dólares. Ainda menos que 5 euros, mas por toda a ironia, tem muito mais valor. Parece uma qualquer nota rara que nunca toquei.<br />
<b><br /></b><br />
<b> </b>Um dia, quando me perguntarem como foi trabalhar num hotel, recordarei estas pequenas histórias.<br />
<br />
Pequenas histórias que preenchem.<br />
<br />
<br />Unknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4911406721530524496.post-66635469661786302222012-03-29T15:48:00.000-07:002012-03-29T15:48:23.535-07:00RecapitulaçãoAmanhã sigo viagem para a quarta edição de viagens Gregorianas.<br /><br />Depois de Escócia '09, Holanda '10, Itália '11, segue-se agora Berlim '12.<br /><br />E no regresso, tentarei fazer uma recapitulação das páginas perdidas entre Janeiro e Março.<br /><br />Há histórias para escrever.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4911406721530524496.post-49633730105680032432012-01-29T15:12:00.000-08:002012-01-29T15:45:46.893-08:00<i>Haia, 29 de Janeiro de 2012.</i><div><i><br /></i></div><div><i>Abro a porta do restaurante "Los Argentinos", onde o nome diz tudo. Seguem-me o João e Ana. Peço mesa para três, em holandês. O senhor indica-me o local.<br /><br />Sento-me, tiro o casaco e o cachecol, ajeito a camisa. Segue-se pão com manteiga de alho, discute-se como correu o dia. Por alguns momentos, cruzo os braços como o meu avô fazia. Lembro-me que era ele que me costumava levar a um restaurante de Faro, todos os verões, para um jantar entre netos e avô. Saudade.<br /><br />Após tanto tempo em Haia, era dia especial. O meu presente de Natal para os meus companheiros de casa era um jantar num restaurante em Haia, tambem como forma de agradecimento como me ajudaram nas duas semanas de preparação para o Holiday Inn.<br /><br />O jantar decorre, na curiosidade e no sabor próprios de quem não está habituado a locais assim. Sinto que tambem podemos descobrir mais. Como se diz: "Nem sempre, nem nunca".</i></div><div><i><br /></i></div><div><i>A conta vem, levanto-me para ir pagar. Ponho o cachecol, fecho o casaco, abro a porta para o João e a Ana passarem. Desejo boa noite aos empregados, agradecendo pelo jantar. Estava divinal, estando a promessa, não dita nem escrita, de que voltaremos mais tarde, um dia.<br /><br />A Haia está vazia. É Domingo, nove da noite. Pedalamos em direcção a casa, com o corpo aquecido do jantar, e a alma um pouco mais reluzente. </i></div><div><i><br />Eles nao repararam, mas fiz um desvio. Lá fui eu, para aquela placa invisivel que dizia "Algarve".<br /><br />Raízes.</i></div>Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4911406721530524496.post-75743678653624383082012-01-06T10:45:00.000-08:002012-01-06T11:02:21.134-08:00Odisseia no EspaçoTudo reside no quanto estamos dispostos a arriscar.<div><br />Em criarmos novos desafios. E para isso, curiosamente, nao é preciso o Ano Novo. Ao fim do 1º mês, parece que o ano esteve sempre presente, seja 2011, 2012 ou 3456. </div><div><br /></div><div>É urgente novos desafios. Pensarmos mais alto, estarmos dispostos a sair da zona de conforto. Perceber que se é díficil, então valerá ainda mais a pena.</div><div><br /></div><div>Pensei como se fosse num jogo de consola. Os niveis começam faceis, adequados, expondo a informação que o jogador precisa para ir avançando. Contudo, isso não implica que a dificuldade vá diminuindo. Pelo contrário, torna-se agreste, exigindo mais concentração, mas tambem toda a informação que foi dada anteriormente. Qual seria a piada se o jogo fosse cada vez mais fácil?<br /><br />Nem tudo é tão simples, compreendo.<br /><br />Continuo no trilho Franciscano, sandálias se nao fosse Inverno, e hábito, se assim fosse questão. A labora fará o meu dia, agora que pouco falta para regressar para Haia.<br /><br />O desafio torna-se, então, saber pensar alto mas com simplicidade.<br /></div><div><br /></div><div>2012.</div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4911406721530524496.post-69058849071471353492011-12-17T12:28:00.000-08:002011-12-17T12:30:23.898-08:00Irracionalidades<a href="http://freeway.tur.br/blogdafreeway/wp-content/uploads/2011/01/valle-nevado-snowboard.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 517px; height: 320px;" src="http://freeway.tur.br/blogdafreeway/wp-content/uploads/2011/01/valle-nevado-snowboard.jpg" border="0" alt="" /></a><br /><br />Sonho de vida.<br /><br />Tão inexplicavel como o amor ao Sporting.Unknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4911406721530524496.post-86159351200453032202011-12-07T11:13:00.001-08:002011-12-07T11:26:23.745-08:00Mais históriasO comboio já não solavanca. Parece que voa em cima dos carris.<br /><br /><div>É segunda de manha, dia 5 de Dezembro, e estou a ir (às 7:10 AM) para o meu primeiro dia de trabalho: Holiday Inn Express Amsterdam Sloterdijk Station.<br /><br />Cruzo e descruzo as mãos, é sinal de nervosismo. O meu holandês ainda treme mas lembro a tarde de ontem, Domingo, que passei com o Jos. Ainda não contei a festa que foi o nosso reencontro, de semanas passadas, um abraço de grandes amigos e um suspiro da parte dele ao dizer: "O meu bom vizinho André!".</div><div><br /></div><div>Sei como me vou apresentar, e pouco mais. Mas estou decidido a tentar. Mais uma vez, a tentar. Há 2 anos atrás (que na minha escala cronológica começa a parecer pouco), eu estaria sentado no Metro de Lisboa, a ir para o IST. Curso de Matemática. Sabia que também queria tentar o mundo da música, mas parecia-me dificil.<br /><br />Mas cá estou eu, no comboio, perguntando-me porque raio tenho que fazer estas experiências. Porque não tentar um part time mais "fácil", como limpar escadas ou algo do género? Sei que nao seria eu, no meu modo persistente de me puxar, de me desafiar, de perceber o que posso dar.<br /><br />Lá está o hotel. Está colado à estação, e é rodeado de prédios ocupados por empresas. Estamos no centro de négocios. Veremos.<br /><br />....</div><div><br /></div><div>Aperto o casaco ao sair da estação. Já é final de dia (6:00 PM) e volto para casa. A rua estaria escura, não fosse as luzes persistentes que, como eu, procuram apenas fazer o seu trabalho.<br /><br />Volto com um sorriso na cara de quem foi muito surpreendido pela positiva. Volto com um obrigado ao Jos pelo apoio, pelas dicas. Foi alguém que fez da vida algo que agora, de certa maneira, também faço: servir.<br /><br />Neste particular, sigo-lhe as pegadas, simples. Mas não esqueço as equações de Lorentz, as de Maxwell, nem do teste do qui-quadrado. Não me esqueço de Bach e de Buxtehude. Não me esqueço do caminho que faço, nem de quem sou.<br /><br />Apenas preencho agora mais uma página, mais uma história: estou a trabalhar para o Holiday Inn Express - Amsterdam Sloterdijk Station.</div>Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4911406721530524496.post-15916747200596894952011-11-14T12:44:00.000-08:002011-11-15T09:59:04.097-08:00Outono<div style="text-align: justify;">Lembro-me, durante a primária no Externato, da composição que vinha sempre algures durante Outubro, Novembro: "O Outono."</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Falava das árvores vazias, das folhas que caiam e mudavam de cor. Do cheiro das castanhas que se senti nas ruas, e no vento que aparecia com mais força.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Passado tantos anos, resolvi fazer nova composição. Comparei-a com aquela feita pelo André, que olhava sempre pela janela da sala do Externato, buscando ideias. Comparei-a ainda com o Outono do André mais velho, esse que tambem olhava pela janela da sala da Escola, algures no 8º ano, perguntando como seria não estar a ter aulas e estar noutro lugar, nada parecido com aquele.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Percorro agora a rua que me leva até casa. Os meus pés enterram-se num caminho tapetado por folhas castanhas, que caem aleatoriamente. Algumas cedo demais, onde surge a cor verde, destoando da cor amarela-triste. Algumas crianças correm e saltam a pés juntos para pequenos montes de folhas, fazendo um efeito engraçado.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">O vento aparece, mas esteve lá sempre. O frio aperta mais, as mãos ficam nos bolsos e a cabeça vai ligeiramente inclinada para a frente. Das castanhas pouco se vê, relembrando na cabeça a saudade do país donde pertenço. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Caminho por Haia com saudades de Lisboa. Sorrio ao pensar que cada um do André mais novo adorará estar aqui, e viverá cada aventura com este mesmo sorriso. Mas a minha composição de Outono, passado tanto tempo, parece-me igual. Muda apenas o vocabulário, próprio do tempo, mas a ideia continua a mesma.<br /><br />Lembro-me, quando era mais novo, que Outono significava que o Natal aproximava-se. Faltava muito, mas ao mesmo tempo era "logo depois".<br /><br />E ainda é.<br /></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4911406721530524496.post-1244711557551024292011-10-25T12:58:00.000-07:002011-10-25T13:40:47.929-07:00Teorias<div style="text-align: justify;">O telemóvel tocou.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">No visor pisca o nome do Doutor, advogado que foi maestro do coro do Campo Grande, o qual acompanhei ao longo de ano e meio.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Lembrou-me, em meio segundo, o episódio de há 2 anos e pouco: tinha acabado de sair do Gregoriano, final de tarde, quando o telemóvel tocou. Ligava-me o Doutor. Comunicava-me o falecimento da mulher, dizendo que a missa seria dali a 10 minutos, perguntando-me se eu estaria disposto para ir ajudar a cantar.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Passou o tempo. O ano passado ligou-me. Era já tarde aqui na Holanda, e estava a dar o Sporting. Estranhei o telefonema. Pensei que talvez me fosse chamar para voltar a tocar na Missa do Campo Grande.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Mas não. "Lembrei-me de si, e vinha saber como estava o meu amigo". Notei-lhe o mesmo tom de tristeza na voz. Perguntou-me como estava a minha vida, mas depressa percebi que alem disso, era tambem tempo de refugio da solidão em que estava.<br /><br />Passou o tempo. Agora o telemovel toca outra vez. "Lembrei-de si aqui no autocarro, e resolvi ligar-lhe." Noto a mesma melancolia, mas tambem resignação. Combina-se um almoço para quando eu voltar.<br /><br />Gostei do gesto. Afinal, quantas vezes ligo para alguem quando me lembro dessa pessoa? Nenhuma.<br /><br />Mas, e se o fizesse?</div>Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4911406721530524496.post-51464128131418050192011-10-06T12:44:00.000-07:002011-10-06T12:50:23.208-07:00Simples<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEghDmcra4r5Pr6wUrNN88eQriSKXGBzpNGaez632l14ZzaPfJJAw4hFLewU0FgYcuTeWRByfAgkKZL3LgRS-QEtZfpmIgsislDE0mHU4t7cXi_z0j4GrzHuJcBhSM43qwXPJ1K-zHFDErUJ/s1600/IMG_6385.JPG" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 240px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEghDmcra4r5Pr6wUrNN88eQriSKXGBzpNGaez632l14ZzaPfJJAw4hFLewU0FgYcuTeWRByfAgkKZL3LgRS-QEtZfpmIgsislDE0mHU4t7cXi_z0j4GrzHuJcBhSM43qwXPJ1K-zHFDErUJ/s320/IMG_6385.JPG" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5660467548849500274" /></a>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4911406721530524496.post-88689108189506299192011-09-21T13:59:00.000-07:002011-09-21T14:25:31.593-07:00LiçãoHaia, 21 de Setembro de 2011.<br /><br /><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-tab-span" style="white-space:pre"> </span>Estou sentado diante da Ana. Estamos a discutir como vamos remodelar a casa, saber o que precisamos de comprar no IKEA. E é mais um lição de vida. Quando nada fazia prever que ficasse nesta casa, eis que fico, e com mais ideias de todos para desta vez, neste ano, levarmos tudo de maneira diferente. A Margarida saiu de casa, e para o seu lugar entrou João, o namorado da Ana. Este jovem casal ensina-me todos os dias. Na simplicidade, mas no anseio do tempo de quem esteve um ano separado pela distância, revelam um sentido de responsabilidade mutuo, comum, partilhado, de quem sabe que é uma aventura algo perigosa.<br /><br /><span class="Apple-tab-span" style="white-space:pre"> </span>Após o meu regresso a Haia, escrever aqui é o meu primeiro momento de balanço de Verão. E, claro, só posso agradecer. A Ti, pela Licenciatura. Pela batalha que parecia surreal e impossível, pelo ritmo de trabalho Matemático que surgiu depois de largar tudo de Órgão. É isto que gosto quando sei que acredito em Ti. Não se precisa de explicar como nem porquê, mas saber que o resultado final é só um. Agradeço-Te também pelo Mestrado do irmão. Nunca o referi aqui antes, mas talvez por isso é este o momento que se deve registar.<br /><br /><span class="Apple-tab-span" style="white-space:pre"> </span>Obrigado aos Gregorianos, por Santo André e Olhos d'Água, pelas Caldas da Rainhas, e por tantos outros encontros que fizeram este Verão completamente cheio. Gosto de pensar que, também como grupo, construímos algo para o futuro. Sei que não importa o que estaremos a fazer... sei que cada um estará a dar o seu melhor. Isso é uma ideia certa, segura, e da qual nos (eu pessoalmente) podemos orgulhar.<br /><br /><span class="Apple-tab-span" style="white-space:pre"> </span>Agradeço-te a ti. Pelo desafio. Por saber que isso é crescer, é ter responsabilidades, é pensar que toda esta aventura surgiu apenas de uma música para piano. Simples, ao nosso jeito. Vamos caminhando, de mãos dadas, com calma, e isso é agora também um ponto de inspiração.<br /><br /><span class="Apple-tab-span" style="white-space:pre"> </span>Reencontro a rotina de estudar, mas desta vez num espaço que me é mais acolhedor. Obrigado, a ti, irmão Francisco, a quem procuro seguir as pisadas cada dia, seja no trabalho ou no contacto com o irmão que me está ao lado.<br /><br /><span class="Apple-tab-span" style="white-space:pre"> </span>Haia é o construir de uma vida.</div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4911406721530524496.post-38686848492939916942011-09-07T15:25:00.000-07:002011-09-07T15:25:08.364-07:00Nostalgia ou saudade.... não sei.<br /><br />Mas agora que regresso, parece até que o tempo não passou. Está tudo na mesma. Os hábitos? Iguais.<br /><br />As promoções no supermercado, as caras do costume no Conservatório, as pedras que estão soltas no passeio, os horários de estudo, um número infindável de pequenos pormenores que constroem a rotina . Em apenas um dia, parece que fui apenas a Portugal de fim de semana e já voltei.<br /><br />Mas voltei diferente. Trouxe mais calma. E nos últimos 3 meses, a vida mudou.<br /><br />Desta vez, ao desligar a luz do quarto, não sentirei o vazio que o escuro da rua me transmite. Ao final do dia, não será feito apenas um balanço individual.<br /><br />O escuro tem Luz. E a Luz já não tem escuro.<br />Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4911406721530524496.post-12274713565549676322011-08-29T13:59:00.000-07:002011-08-29T14:18:27.344-07:00Anima tua sit donum<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXzJo3sO2AY2mzeR7NXdUKZmRLLUMw4OLV5u-ePWCSwSQ-RS5DiNlCUO-ILa7OHU1KzzpqkSqhYUDRZzEPdyZtoyFlCKjE95gmmv8yTWJLhQXyUGKH6zdmNxNAmK-obPhq87Zs1Xc5n-mC/s1600/IMG_5248.JPG" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXzJo3sO2AY2mzeR7NXdUKZmRLLUMw4OLV5u-ePWCSwSQ-RS5DiNlCUO-ILa7OHU1KzzpqkSqhYUDRZzEPdyZtoyFlCKjE95gmmv8yTWJLhQXyUGKH6zdmNxNAmK-obPhq87Zs1Xc5n-mC/s320/IMG_5248.JPG" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5646390141592523074" /></a>
<br /><div style="text-align: justify;">
<br /></div><div style="text-align: justify;">Obrigado, Amigo e Irmão.</div><div style="text-align: justify;">
<br /></div><div style="text-align: justify;">Amigo da Música, do Gregoriano. Mesmo já não estando no IGL este ano, sinto que serás sempre o nosso Presidente. </div><div style="text-align: justify;">
<br /></div><div style="text-align: justify;">É fantástico todo o trabalho que fizeste, principalmente em organização. Muitos de nós já tínhamos saído, mas pensar que pudeste ficar mais um ano a "segurar o barco" foi motivador!</div><div style="text-align: justify;">
<br /></div><div style="text-align: justify;">Irmão da Fé. Se tivesse que pegar nalguma parábola, a tua casa está definitivamente construída sobre a rocha. E eu observo-a, para aprender. O teu modo de vida simples, na tua calma, é-me exemplo de vida.</div><div style="text-align: justify;">
<br /></div><div style="text-align: justify;">Lembro-me quando me vendaram os olhos, no meu dia de anos, e fomos no carro do Tiago em direcção ao desconhecido, pensava eu. Lembro-me de ter "olhado" para ti e ter dito: "Se estás aqui, então sei que nada de mal nos acontecerá".
<br />
<br />És porto seguro. E no teu silêncio, sei que reflectes e escutas. Procuro ser assim (mas ainda estou longe, sei!), mas quanto mais tento, mais vejo que não é assim tão fácil.
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<br />Esta semana que passou foi apenas mais uma etapa do nosso grupo, da nossa amizade. Faço repeat sem parar ao "Tedet animam mea", cuja letra não é alegre, mas que oiço todos com energia.
<br />
<br />Ao entrar em tua casa, apercebi-me da dávida que tu és para todos nós. Na música e na vida. Trabalhar ao teu lado é uma honra e um prazer.
<br />
<br />Obrigado, por tudo!</div>Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4911406721530524496.post-34664238942588947512011-08-19T15:35:00.000-07:002011-08-19T15:38:19.463-07:00<a href="http://www.sxc.hu/pic/m/p/ph/photosyn/632172_candle_light.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 300px; height: 225px;" src="http://www.sxc.hu/pic/m/p/ph/photosyn/632172_candle_light.jpg" border="0" alt="" /></a><p class="MsoNormal">
<br /><i>O que se faz quando se quer escrever, mas as palavras não saem?</i></p><p class="MsoNormal">Pede-se ao silêncio que fale. E ao meu ouvido vai ditando, acompanhado pelo som nocturno do grilo, histórias do passado. Deixa-me perguntas. Requer respostas, e aí as palavras surgem.
<br />
<br /><i>O que se faz quando se quer ter ideias, mas elas não brotam?</i>
<br />
<br />Pede-se ao tempo que passe. Espero que percorra o seu caminho. Mas não vou controlando o tempo que leva o tempo a passar. E quando já nos cruzámos, foi invisivel. Deixou-me aos pés o seu pergaminho, completo de ideias.
<br />
<br /><i>O que se faz quando o mundo parecia completo, mas sabia que faltava algo?</i>
<br />
<br />Abraça-se a Luz que me aquece. E as palavras saem, as ideias brotam e a vida, simples, passa a ter novo sentido. O sentido da Luz. <span> </span></p>Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4911406721530524496.post-56400708526778180472011-08-06T18:46:00.000-07:002011-08-06T18:57:14.771-07:00Desafios<a href="http://iwritealot.com/wp-content/uploads/2009/09/helping-hand.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 324px; height: 243px;" src="http://iwritealot.com/wp-content/uploads/2009/09/helping-hand.jpg" border="0" alt="" /></a><br />Tenho medo dos Teus desafios.<br /><br />Talvez por ter que sair da minha zona de conforto. Talvez.<br /><br />Mas sabes o que sinto desta vez?<br /><br />Calma. Muita calma.<br /><br />E um sorriso: Especial.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4911406721530524496.post-12114561381379602282011-08-06T17:55:00.000-07:002011-08-06T18:09:51.181-07:00Santo AndréPassou por nós, o pastor.<br /><br />Vindo daquele silêncio lá longe, que se prende com a lagoa.<br /><br />Sentou-se e nada disse. Não precisava de dizer, apenas estar.<br /><br />Passou e foi-se embora.<br /><br />Á noite o silêncio confunde-se com o som da cigarra. Aguda. Grave soa a minha a voz, na conversa com quem quero falar.<br /><br />Sabe bem jantar em ambiente calmo. A palavra 'amigo' toma outra dimensão.<br /><br />Passa-se o sal, estende-se o pão, entrega-se o frasco dos oregãos, pergunta-se quem quer mais, ou menos, que a fome tem destas coisas.<br /><br />Durante o dia, vive-se. Lê-se. Pinta-se. Muda-se o cd, porque esse já o ouvimos hoje. Joga-se. E se no entanto nada disto tivesse acontecido, opções não faltariam.<br /><br />Ao longe, o pôr-do-sol. Momento de contemplação. De agradecimento.<br /><br />Passámos por Santo André, mas ficámos. Ficámos com um sorriso estampado no rosto de quem sabe que são momentos simples, mas inesquecíveis!Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4911406721530524496.post-89988565163960133362011-07-25T19:32:00.000-07:002011-07-25T19:33:31.588-07:00<i>"Se alguma vez quiseres estar acompanhado, aprende primeiro a estar sozinho."</i>Unknownnoreply@blogger.com0