O prédio onde vivo é uma história viva. Não se veem jovens, mas isso nao indica que esteja morto ou abandonado. Cada vizinho traz uma peculiar história que se cruza com a minha, das maneiras que mais me surpreendem.
Ao longo dos quase 2 anos que estou aqui a morar, foram frequentes problemas com a canalização, causando ao vizinho de baixo inúmeras infiltrações.
Tambem já por uma vez ele tinha vindo bater à porta, queixando-se do barulho do violino. "Tem aguentado o piano como um héroi", penso.
Ou seja, cada vez que o vi, as probablidades de ter boas noticias eram escassas. E hoje, mal me sentei ao piano para estudar, entre acordes e notas, passado 5 minutos alguem batia à porta. Não precisei de apostar: era o vizinho de baixo.
Outra vez uma inflitração, outra vez problemas com o tecto, enfim..
Ainda há pouco tempo tinhamos resolvido um, e expliquei-lhe tudo como se tinha passado: os locais onde os tubos estavam estragados, o que fui substituido, tudo num resumo rápido e eficaz, de maneira a fazer ver que, desta vez, duvidasse que fosse daqui de cima.
Deixou-me o numero de telefone do canalizador, para vir aqui inspecionar.
Á saída, e por boa educação, perguntei-lhe como se estava a dar com o som do piano (após 5 meses de uso quase intensivo). Disse que estava tudo bem, embora percebesse que quando nós estavamos a estudar, se tornasse ainda mais aborrecido.
Explicava ele que: "eu estudo em casa, e a minha mulher tambem trabalha em casa, de maneira que estamos muito tempo aqui", respondeu, quando lhe perguntei se havia preferência de horas para nos tocarmos.
E continuou, dizendo: "Sou professor de Matemática, e por isso.."
Interrompi-lhe com um grande sorriso e um "Oh really?"
A conversa desenvolveu-se terminou com um "Temos que falar mais acerca disto!" da parte dele.
Aperto de mão, e foi-se embora.
Mais um ponto para a vizinhança!
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