segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Dia 1

A partida foi feita às 7:50, sem antes nao levar com a melhor surpresa do ano!

Estou no aeroporto de Hamburgo, que para minha desilusao nao tem McDonalds. Desconfiado, comprei para almocar (teclados alemaes. Da para fazer coisas interessantes como ß) um hamburger. Nao obstante o sabor demasiado indiano, as batatas fritas eram bastante fracas. Salvou-se a Coca cola: essa nunca falha.

Está aqui na gate uma senhora portuguesa que espera pelo voo, que vai para o Luxemburgo, e parte às... 7:30 (locais). Tipicamente portuguesa. Infelizmente nao fala ingles, nao foi ela que marcou os voos, e ja tem uma certa idade. Confesso que é uma aventura. Veio no meu voo para Hamburgo, e agora há mais de uma hora que está sentada no mesmo banco. Foi acompanhada por uma assistente portuguesa da Lufthansa. Despediram-se em frente a mim, e a assistente, ao reparar que eu lia a "Sabado", nao deixou de sorrir.

14:45 parto para Amesterdao. O dia ainda nem a meio vai, mas depois de uma noite mal passada, soube bem a viagem a dormir.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Pessoal e intransmissivel

Algures em Torres, 18 de Agosto, perto da meia-noite:

A Holanda é mais que uma viagem, mais que uma simples entrada para a universidade. É uma folha limpa.

Nas folhas limpas exige-se desenhos brutais ou textos fantasticos. Mas neste momento, apetece-me apreciar essa folha limpa, como há tanto nao tinha. Nao que as anteriores fosse más, contudo é sempre bom ver um recomeço.

Ás vezes tenho dificuldades em perceber as pessoas. Tenho certas dificuldades a deslocar-me da minha maneira de pensar, e perceber que ha muitas estradas tambem. E isso, logo aí, faz afastar.

Por isso, as minhas folhas anteriores costumam ter alguns pontos de interrogação. Alguns bem grandes.

Nao se ouve nada lá fora. Comigo, a jogar Trivial Pursuit, está a Ana, o Tiago, a Débora e o Eloi. Falta pouco para partir para a Holanda e as despedidas vao-se fazendo. Dizem: "Há Internet e, no maximo, voltas em Dezembro." Sinto o nó da garganta.

A folha branca é pessoal e intransmissivel. Todas as semanas se acrescenta algo. Nem que seja um ponto.

9 dias.


sábado, 14 de agosto de 2010

Férias


O tempo para descansar parecia, ao inicio, pouco. Um mês. No entanto vou a metade das férias e parece que as datas e os locais sao escolhidos minuciosamente bem. Nao por mim, eu talvez lhe chame coicidencia. Mas sei que nao.

E continua a preparaçao para o desenrolar do Capitulo. Nao vale a pena tentar adivinhar. Quando chegar, verei o que foi escrito.

sábado, 7 de agosto de 2010

Hábito

Algures no Norte, 00:30..

Em 2010 fala-se em planos tecnológicos. Aqui  vislumbra-se pela primeira vez a construcçao de uma autoestrada. Ironias.

Confesso que só a duraçao da viagem até aqui (8 horas) cria em mim uma certa inércia. Mas depois de chegar, pergunto-me: custou?

E, hábito feito em 2007, cá estou eu, no terraço. Espanha estende-se no longo preto, tal como uma tela de cinema. Ao longe ouve-se o som da banda que hoje actua aqui na festa de Bemposta. O calor é suficiente para se andar descalço, sem mantas. Noite de verão.

Este é mais um dos meus refúgios. É sempre a re-descoberta de uma cultura que, não tenho duvidas, tenderá a desaparecer. Hoje, acabado de chegar, fui assistir a uma missa e depois a sua procissão. Imagino, outrora, a aldeia a caminhar junta atrás do andor. Hoje já não, eramos poucos, tao poucos que agora a mesma aldeia olha-nos da janela de casa, em tom de curiosidade.

Sempre que cá volto, lembro-me das perguntas que deixei no ar, no ano anterior. Para ser verdadeiro, lembro-me das minhas dúvidas, sugestoes ou ambições dos ultimos 5 anos. É quase como me ver a mim próprio, com essa idade, sentado aqui ao meu lado.  

De repente, pergunto-me: “Qual foi a altura do maior desafio?”, e instanteneamente todos respondem: “Foi comigo!”. Sim, sempre senti que o maior desafio estava a acontecer. Óptimo! E  se assim continuar, é optimo sinal. Não deixo de notar a curiosidade: todos os desafios eram diferentes.

Na minha viagem para aqui, quando me encontrava em Torre de Moncorvo, virei-me para trás e perguntei para a rapariga que estava atrás de mim “se o autocarro efectuava mais alguma paragem”. E assim começou uma conversa enorme que se estendeu até.. à paragem final, terra origem da rapariga. Não soube o nome dela, nem ela o meu. O tema  “faculdade” encheu o tempo suficiente para uma discussão agradavel atraves dos metodos de avaliação do seu curso (Medicina) e o meu (Matemática). Sim, tambem estranho como tal foi possivel, mas depois de 6 horas naquele autocarro já me parecia normal.

Desde há 6 anos a viver em Lisboa, contou-me que era algo dificil vir passar 15 dias aqui ao Norte: “Sempre a mesma pasmaceira”, justificou.  E por vezes não será preciso?, pensei.  Parece que as pessoas tem medo de parar. Pensar. Pensar nem que seja nas coisas menos importantes. Só trazer a Internet comigo já é “contraproducente”, mas o futuro requer.

Mesmo aqui no fim de Portugal, onde esta zona já marca fronteira com Espanha, mesmo numa noite de Verão, não me sinto sozinho.  É aqui que Arquitecto o ano que vem. Arrumo a cabeça com toda a calma que se precisa.

Noite de verão. Assim percebo bem S. Francisco.