segunda-feira, 9 de julho de 2012

A Praia

Na minha vida assumo dois erros crassos: nunca ter sido escuteiro, sendo este já reconhecido há muito tempo, e não ter voltado aos Açores entre a minha primeira vinda cá em 2008 e agora.

Retornei à Praia do Norte para a Ordenação Sacerdotal do meu amigo Bruno. E tudo num ambiente único, de festa, com o rever de muitas amizades açorianas e não só. Revi também muitos amigos franciscanos, onde o hábito castanho, as sandálias, as guitarras e tudo o mais me trouxeram saudades das catequeses em Carnide.

Mas porquê erro crasso?

Porque os Açores, mais propriamente a Praia da Norte, são a única terra que conheço onde o Sol brilha mesmo quando chove, onde há cor com tudo revestido a verde e azul, e onde a melodia nocturna é feita pelo som inimitável de cagarros.

Não se explica. Agradeço-Te o retorno, o finalmente poder parar do ano todo que foi, sem preocupar com estudar nem nada.

E que regresso! Os olhares de todos os que cumprimentei há 4 anos, lembraram-se. Diziam-me: "Ah rapaz, ja fazia tempo que nao cá vinhas!", mas em especial relembro o Padre João, que me disse: "André, andava a perguntar ao Bruno quando cá vinhas.".

Vim, regressei, por pouco tempo, mas vou voltar. Devia ser paragem obrigatória todos os anos. É merecido, pelo menos sinto isso.

No final do dia de ontem, Domingo, onde se festejou a missa nova do Frei Bruno, regressei a casa da Paula e do João a pé, na companhia da Jessica e da Cristina, duas raparigas da praia do Norte que estavam a acabar o Secundário. Perguntavam-me como era viver na Holanda. A meio da conversa perguntei se já tinham estado em Lisboa. Disseram que não, que nunca tinham estado no Continente. 17 e 16 anos e nunca tinham saído mais longe que a ilha do Pico. Por vezes temos realidades completamente diferentes, mas o que se pode partilhar? Que na verdade o que interessa é trabalhar. Seja aqui, no Japão, na Holanda. Notei-lhes a "fome" de sair, de ir para longe, de conhecer mais. Partilhei-lhes a minha história como exemplo de que "basta quase só querer". A conversa terminou perto da uma da manhã, envolvendo Deus, Jesus e as experiências cristãs.

São pequenas partilhas que me fazem crer que esta aldeia é única, na sua localidade, nas suas pessoas, nos seus sorrisos.

"É tempo de ir bater latas", dizem-me. Levanto-me, com um sorriso, daqueles curiosos para saber o que ainda há por descobrir nesta terra.

E, se não bastasse tanta vivência, faço-o na melhor companhia possivel. De manha à noite.

Na Praia que me dá o Norte.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Intervalo de 8ª


Fazia 8 anos que não nos viamos, assim, em espirito de turma, mesmo que daí nada sobre. Não sei o que gosto mais: se perceber que já passou tanto tempo, ou se apesar de ter passado tanto tempo há coisas que não mudam.

Os sorrisos sofreram um desvio de 8 anos, mas foram os mesmos que passearam por França, por Santiago de Compostela, que entraram em guerra com a Professora de EV, que se diz terem todos chorado no último dia de aulas do 9º ano, que jogavam matrecos a todos os intervalos. Os mesmos que descobriram o uso do Messenger, que assistiu a todos terem telemovel, enfim... Aquele tipico conceito de turma, que durou e durou, naqueles anos em que tudo parecia não ter fim, esses mesmos que tiveram a duração de todos os outros. Contando com Secundário e Faculdade, esta foi sem dúvida A Turma.

E como se percebe que não passou tempo? Depois de 8 anos, amanha joga-se à bola e "o André vai à baliza". Vai-se de carro e tem-se barba, sim, mas são pormenores. Discute-se mestrados, licenciaturas, empregos, emigração, visitas à Holanda, tudo no mesmo tom descontraido de sempre.

Simples, ao meu estilo.