Lembro-me, durante a primária no Externato, da composição que vinha sempre algures durante Outubro, Novembro: "O Outono."
Falava das árvores vazias, das folhas que caiam e mudavam de cor. Do cheiro das castanhas que se senti nas ruas, e no vento que aparecia com mais força.
Passado tantos anos, resolvi fazer nova composição. Comparei-a com aquela feita pelo André, que olhava sempre pela janela da sala do Externato, buscando ideias. Comparei-a ainda com o Outono do André mais velho, esse que tambem olhava pela janela da sala da Escola, algures no 8º ano, perguntando como seria não estar a ter aulas e estar noutro lugar, nada parecido com aquele.
Percorro agora a rua que me leva até casa. Os meus pés enterram-se num caminho tapetado por folhas castanhas, que caem aleatoriamente. Algumas cedo demais, onde surge a cor verde, destoando da cor amarela-triste. Algumas crianças correm e saltam a pés juntos para pequenos montes de folhas, fazendo um efeito engraçado.
O vento aparece, mas esteve lá sempre. O frio aperta mais, as mãos ficam nos bolsos e a cabeça vai ligeiramente inclinada para a frente. Das castanhas pouco se vê, relembrando na cabeça a saudade do país donde pertenço.
Caminho por Haia com saudades de Lisboa. Sorrio ao pensar que cada um do André mais novo adorará estar aqui, e viverá cada aventura com este mesmo sorriso. Mas a minha composição de Outono, passado tanto tempo, parece-me igual. Muda apenas o vocabulário, próprio do tempo, mas a ideia continua a mesma.
Lembro-me, quando era mais novo, que Outono significava que o Natal aproximava-se. Faltava muito, mas ao mesmo tempo era "logo depois".
E ainda é.
Lembro-me, quando era mais novo, que Outono significava que o Natal aproximava-se. Faltava muito, mas ao mesmo tempo era "logo depois".
E ainda é.
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