O telemóvel tocou.
No visor pisca o nome do Doutor, advogado que foi maestro do coro do Campo Grande, o qual acompanhei ao longo de ano e meio.
Lembrou-me, em meio segundo, o episódio de há 2 anos e pouco: tinha acabado de sair do Gregoriano, final de tarde, quando o telemóvel tocou. Ligava-me o Doutor. Comunicava-me o falecimento da mulher, dizendo que a missa seria dali a 10 minutos, perguntando-me se eu estaria disposto para ir ajudar a cantar.
Passou o tempo. O ano passado ligou-me. Era já tarde aqui na Holanda, e estava a dar o Sporting. Estranhei o telefonema. Pensei que talvez me fosse chamar para voltar a tocar na Missa do Campo Grande.
Mas não. "Lembrei-me de si, e vinha saber como estava o meu amigo". Notei-lhe o mesmo tom de tristeza na voz. Perguntou-me como estava a minha vida, mas depressa percebi que alem disso, era tambem tempo de refugio da solidão em que estava.
Passou o tempo. Agora o telemovel toca outra vez. "Lembrei-de si aqui no autocarro, e resolvi ligar-lhe." Noto a mesma melancolia, mas tambem resignação. Combina-se um almoço para quando eu voltar.
Gostei do gesto. Afinal, quantas vezes ligo para alguem quando me lembro dessa pessoa? Nenhuma.
Mas, e se o fizesse?
Passou o tempo. Agora o telemovel toca outra vez. "Lembrei-de si aqui no autocarro, e resolvi ligar-lhe." Noto a mesma melancolia, mas tambem resignação. Combina-se um almoço para quando eu voltar.
Gostei do gesto. Afinal, quantas vezes ligo para alguem quando me lembro dessa pessoa? Nenhuma.
Mas, e se o fizesse?
Muito bom!
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