sábado, 5 de março de 2011

Portugal

Basta entrar no metro de Lisboa para perceber que estou na minha terra.

Ao primeiro banco ja se vê um idoso, de cabeça baixa e olhar melancólico. Sina, talvez, mas quando caminho pelas ruas lisboetas este olhar repete-se vezes sem conta. Um olhar resignado de quem parece acreditar que nao teve sorte com a vida.

Parece bastante foleira ou filosófica a descrição que acabei de fazer, mas é uma realidade. Sempre que viajo na Holanda nunca me deparo com um cenário igual. É talvez a nossa mentalidade e a inércia em mudar. Estamos mal, por natureza. 

Ninguem se espante quando digo que me sinto bem no meio de tanto olhar preocupado. Porque já nao será essa geração que fará a diferença, mas sim a minha e as que me precedem. Enquanto ia para Torres Vedras, falava com o Tiago acerca da necessidade de estudar lá fora.. mas voltar. Voltar para mudar.

Sempre que vou ao estrangeiro solidifico a ideia de que há imensa qualidade em muito trabalho Portugues. Mas no estrangeiro (e agora em particular na Holanda), essa qualidade é vista como natural e tem tendencia a espalhar-se mais rapidamente. Nós gostamos dos "poços raros", dos acontecimentos noticiosos televisivos de quem "ganhou uma bolsa lá fora". Parece raro, talvez seja, mas se nada for feito para mudar...

É por isso que gosto de saber, pelo menos dentro do meu nucleo de amigos, que há imensa gente com vontade de ir aprender e voltar. Talvez assim se possa mudar.

Foi com este pensamento meio em desenvolvimento que ontem percorri, com a Débora e o Tiago, a estradas que envolvem Torres Vedras. O escuro da noite permitia ver uma paisagem que deixa saudades e nostalgia mesmo antes de partir. Paisagens tao caracteristicas de um país que é meu e que nao nego.

E é no silêncio reconfortante da minha casa de sempre que digo: segunda feira vou trabalhar. Volto em Maio.

1 comentário:

  1. Infelimente a maioria do português é assim, apenas são bons trabalhadores fora do seu país...

    :)!
    Saudades...

    ResponderEliminar